quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As eleições no Brasil!

Festa da democracia? Qual democracia?

Estaremos participando no próximo dia 03 de outubro de um momento de suma importância para o Brasil, a Bahia e Barreiras que são as eleições para Presidente, Governador, Senadoras (es), Deputadas (os). Carrego comigo a convicção de que o período eleitoral não pode passar como um momento comum, alheio ao debate, reflexão e questionamento de nossas concepções de sociedade, democracia, política e participação. Acredito e sempre externo a minha crença no fato de que as eleições/votação não possuem um fim em si mesmo. Pelo menos não poderia. Ainda, que o processo de participação e conscientização não se finda com a eleição/votação, pelo contrário a participação deve se iniciar com e na eleição/votação. Participar, não se resume ao direito de votar e ser votado!
Desde o fim da ditadura com o processo de redemocratização do país essa será a sexta eleição para os cargos acima mencionados. Isso revela o quão nova é a nossa democracia. Mas, mais grave do que a nossa recente democracia institucional, é o fato dela começar e/ou recomeçar tão fragilizada, limitada e precária. Uma democracia fraudada pelos estelionatos eleitorais, pelo poder econômico e/ou pela simulação de democracia e/ou de práticas democráticas, sobretudo, pela MÍDIA BURGUESA.
Olha só, são nove candidaturas à Presidência da República: Os valorosos e combativos companheiros da esquerda que não se rendeu e não se vendeu e que merecem sim a reflexão se merecem ou não o nosso voto: Ivan Pinheiro (PCB 21), Zé Maria (PSTU 16), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL 50) e Rui Pimenta (PCO 29). Além de Dilma Rusself, Jose Eymaell, José Serra, Levi Fidelix e Marina Silva.
Quantas (os) dessas (es) participaram dos debates promovido pela nossa democrática mídia burguesa? Quantos dessas (es) obtiveram a mesma cobertura e apresentação de suas campanhas com o mesmo tempo? Por que todos eles não tiveram o mesmo tratamento que as candidaturas milionárias tiveram, já que há democracia no Brasil e a mídia se diz guardiã dela? Se há democracia no Brasil e se queria se favorecer o fortalecimento dela e ajudar a/o eleitora (o) a escolher melhor suas/seus representantes, não se faria isso com mais êxito e eficácia dando o mesmo tempo nas entrevistas, convidando a todas (os) para participarem dos debates, com financiamento totalmente público de campanha, com tempo igual na propaganda eleitoral...?
É para isso que se quer liberdade de imprensa? Para manipular, conturbar, deturpar e omitir os fatos e as instituições? Qual liberdade de imprensa se deseja? Liberdade de imprensa para dizer e anunciar aquilo que está de acordo com o que defende meu grupo político e/ou a minha família que é detentora dos meios de comunicação no Brasil? Para publicar a opinião de meu seleto grupo político e/ou de minha família detentora das concessões públicas da comunicação e dizer que essa opinião publicada é opinião pública?
São esses mesmo meios de comunicação que omitem, deturpam, conturbam e manipulam os fatos e as instituições que acusam Hugo Chaves, Evo Morales, Rafael Correa, Fidel Castro e Cristina Kirchner de cercear e ameaçar a democracia e a liberdade de imprensa! Com que moral, com qual respeitabilidade, coerência, credibilidade e dignidade falam e veiculam isso nas suas rádios, TV’s e jornais impressos?
Nessa eleição houve muita chiadeira por parte da mídia burguesa sobre uma suposta ameaça da democracia e da liberdade de imprensa no Brasil. Vale lembrar que essa mesma mídia burguesa e/ou as famílias e/ou grupos que dominam os meios de comunicação no Brasil, são as/os mesmas (os) que a exemplo da Família Marinho estavam do lado daqueles que implantaram a censura e a ditadura nesse país. Aliás, só chegaram aonde chegaram por isso. Enquanto o povo estava na rua enfrentando as armas de fogo, a truculência, sendo torturados, presos, mortos, exilados, levando choque na vagina ou no pênis, tal como aconteceu com a candidata Dilma Rusself, lutando pela democracia nesse país, os donos dos meios de comunicação no Brasil capitaneados pela Rede Globo de televisão estavam do lado daqueles que implantaram esse terror no Brasil. Enquanto o povo estava nas ruas pedindo liberdade e democracia, a Família Marinho apresentava Roberto Carlos mandando que tudo mais fosse para o inferno. Ou seja, os que acusam a esquerda de anti-democrática e de querer cercear a liberdade de imprensa, foram os que historicamente fizeram e ainda fazem de maneira velada isso no Brasil. Pergunte a um funcionário da TV cultura como o candidato José Serra age na TV!
O que mais me entristeceu nessa eleição foi constatar que instituições seríssimas com uma história de luta pela radicalização da democracia no Brasil, se comportaram da mesma maneira que a mídia burguesa. Instituições tais como a Conferência Nacional dos Bispos no Brasil - CNBB e as Redes Católicas de Televisão. Digo isso com o coração católico, apostólico e romano, fã de sua Santidade o Santo Padre o Papa Bento XVI, um coração trespassado. E acredito que o nosso falecido e querido D. Helder Câmara assisti a isso muito triste, não só ele como os tantos outros bispos de sua mesma linha ideológica e postura política e CRISTÃ.
Outro fato que merece nossa reflexão são os valores gastos pelas campanhas. Digo isso porque estou plenamente convencido que numa eleição o que deve prevalecer são as idéias, as propostas, as virtudes e a vontade política de quem se dispôs a implementá-las. Se é assim qual a razão de se gastar R$190 milhões numa campanha? Por que é necessário gastar R$190 milhões, se o que vale ou pelo menos deveria valer são as idéias, as propostas, as virtudes e a vontade política de quem se dispôs a implementá-las? R$190 milhões num país de 190 milhões de habitantes corresponderia a R$1000 reais para cada habitante! É justo gastar R$ 190 milhões em uma campanha num país que milhares de pessoas passam fome? É a democracia do poder econômico! isso foi o gasto apenas por um dos candidatos!
E por fim me marcou muito a divulgação e encomendação das pesquisas. Qual o interesse real dos meios de comunicação em encomendar pesquisas? É pelo fato das pessoas ficarem curiosas e quererem saber quem está na frente? Qual o verdadeiro interesse e temor da mídia burguesa, que a faz encomendar várias pesquisas?
Num cenário desses de omissão, deturpação, conturbação, manipulação dos fatos e das instituições, de falta de imparcialidade da mídia burguesa e de interferência do poder econômico-poder do dinheiro é possível as pessoas exercerem com plena consciencia, o direito do voto historicamente conquistado com muita luta?
Depois de feita essa reflexão sugiro a você que entre no site dos respectivos candidatos que não obtiveram o mesmo tempo na televisão, rádio e jornal impresso e analisem as propostas, a trajetória política, histórica e o perfil dos mesmos:

Ivan Pinheiro (PCB 21) (http://www.pcb.org.br/)

Zé Maria (PSTU 16) (www.pstu.org.br/)

Plínio (PSOL 50) (www.plinio50.com.br/)

Rui Pimenta (PCO 29) (www.pco.org.br/)

José Eymaell (PSDC 27) (http://www.psdcbrasil.org.br/)

Levi Fidelix(PRTB 28) (http://www.levyfidelix.com.br/)

Como militante político do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL 50 voto e recomendo o voto nos meu valorosos e combativos companheiros!

Permita sua vida mudar, abra a janela e deixa o SOL entrar!!!
Vote 50 para renovar!!!
Presidente Plinio 50 (www.plinio50.com.br/)

Governador Marcos Mendes 50 (www.marcosmendespsol.com.br/)

Senador França 500 (www.francapsol.blogspot.com/)

Vote Senadora Zilmar Alverita 505
Vote Deputado Federal Renato Santos 5090
Vote Deputado Estadual João Evangelista 50051
Vote 50 para Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Estadual!!!





quarta-feira, 29 de setembro de 2010

As eleições em Cuba!
Eleições em Cuba?



Para algumas pessoas no mundo deve ter soado um pouco estranho o título acima deste texto.
Isso é perfeitamente compreensível, pois um dos componentes principais da guerra midiática contra a Revolução cubana tem sido negar, escamotear ou silenciar a realização de eleições democráticas: as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados (conselhos), e as gerais, a cada cinco, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembléias provinciais.
Cuba está no seu décimo terceiro processo eleitoral desde 1976 com a participação entusiasta e responsável de todos os cidadãos com mais de 16 anos de idade.
Com a tergiversação, a desinformação e a exclusão das eleições em Cuba da agenda informativa de cada um, os donos dos grandes meios de comunicação tentaram afiançar a sua sinistra mensagem de que os dirigentes em Cuba, a diferentes níveis, não são eleitos pelo povo.
Apesar de, felizmente, nos últimos anos, sobretudo depois da irrupção da internet, os controles midiáticos se terem ido quebrando aceleradamente, e a verdade sobre a realidade de Cuba, nas eleições e noutros acontecimentos e temas, foi vindo à tona.
Não dar informação sobre as eleições em Cuba, nem da sua obra na saúde, educação, segurança social e outros temas, obedece a que os poderosos do mundo do capital temem a propagação do seu exemplo, à medida vai ficando completamente a nu a ficção de democracia e liberdade que durante séculos se vendeu ao mundo.
Apreciamos, no entanto, que o implacável passar do tempo é adverso aos que tecem muros de silêncio. Mesmo que ainda andem por aí alguns comentadores tarefeiros ou políticos defensores de interesses alheios ou adversos aos povos que continuam a afirmar que "sob a ditadura dos Castro em Cuba não há democracia nem liberdade nem eleições". Trata-se de uma idéia repetida freqüentemente para honrar aquele pensamento de um ideólogo do nazismo segundo o qual uma mentira repetida mil vezes poderia converter-se numa verdade.
À luz das eleições ocorridas no dia 25 de Abril, quero apenas dizer-vos neste artigo, dentro da maior brevidade possível, quatro marcas do processo eleitoral em Cuba, ainda susceptíveis de aperfeiçoamento, que marcam substanciais diferenças com os mecanismos existentes para a celebração de eleições nas chamadas "democracias representativas. Esses aspectos são: 1) Registro Eleitoral; 2) Assembléias de Nomeação de Candidatos a Delegados; 3) Propaganda Eleitoral; e 4) A votação e escrutínio.
O Registro Eleitoral é automático, universal, gratuito e público. Ao nascer um cubano, não só tem direito a receber educação e saúde gratuitamente, como também quando chega aos 16 anos de idade automaticamente é inscrito no Registro Eleitoral. Por razões de sexo, religião, raça ou filosofia política, ninguém é excluído. Nem se pertencer aos corpos de defesa e segurança do país. A ninguém é cobrado um centavo por aparecer inscrito, e muito menos é submetido a asfixiantes trâmites burocráticos como a exigência de fotografias, selos ou carimbos, ou a tomada de impressões digitais. O Registro é público, é exposto em lugares de massiva afluência do povo em cada circunscrição.
Todo esse mecanismo público possibilita, desde o início do processo eleitoral, que cada cidadão com capacidade legal possa exercer o seu direito de eleger ou de ser eleito. E impede a possibilidade de fraude, o que é muito comum em países que se chamam democráticos. Em todo o lado a base para a fraude está, em primeiro lugar, naquela imensa maioria dos eleitores que não sabe quem tem direito a votar. Isso só é conhecido por umas poucas maquinarias políticas. E, por isso, há mortos que votam várias vezes, ou, como acontece nos Estados Unidos, numerosos cidadãos não são incluídos nos registros porque alguma vez foram condenados pelos tribunais, apesar de terem cumprido as suas penas.
O que mais distingue e diferencia as eleições em Cuba de outras, são as assembléias de nomeação de candidatos. Noutros países a essência do sistema democrático é que os candidatos surjam dos partidos, da competição entre vários partidos e candidatos. Isso não é assim em Cuba. Os candidatos não saem de nenhuma maquinaria política. O Partido Comunista de Cuba, força dirigente da sociedade e do Estado, não é uma organização com propósitos eleitorais. Nem apresenta, nem elege, nem revoga nenhum dos milhares de homens e mulheres que ocupam os cargos representativos do Estado cubano. Entre os seus fins nunca esteve nem estará ganhar lugares na Assembléia Nacional ou nas Assembléias Provinciais ou Municipais do Poder Popular. Em cada um dos processos celebrados até à data foram propostos e eleitos numerosos militantes do Partido, porque os seus concidadãos os consideraram pessoas com méritos e aptidões, mas não devido à sua militância.
Os cubanos e as cubanas têm o privilégio de apresentar os seus candidatos com base nos seus méritos e capacidades, em assembléias de residentes em bairros, demarcações ou áreas nas cidades ou no campo. De braço no ar é feita a votação nessas assembléias, de onde resulta eleito aquele proposto que obtenha maior número de votos. Em cada circunscrição eleitoral há varias áreas de nomeação, e a Lei Eleitoral garante que pelo menos 2 candidatos, e até 8, possam ser os que aparecem nos boletins para a eleição de delegados do próximo dia 25 de Abril.
Outra marca do processo eleitoral em Cuba é a ausência de propaganda custosa e ruidosa, a mercantilização que está presente noutros países, onde há uma corrida para a obtenção de fundos ou para privilegiar uma ou outra empresa de relações públicas. Nenhum dos candidatos apresentados em Cuba pode fazer propaganda a seu favor e, obviamente, nenhum necessita de ser rico ou de dispor de fundos ou ajuda financeira para se dar a conhecer. Nas praças e nas ruas não há ações a favor de nenhum candidato, nem manifestações nem carros com altifalantes, nem cartazes com as suas fotografias, nem promessas eleitorais; na rádio e na televisão também não; nem na imprensa escrita. A única propaganda é executada pelas autoridades eleitorais e consiste na exposição em lugares públicos na área de residência dos eleitores da biografia e fotografia de cada um dos candidatos. Nenhum candidato é privilegiado sobre outro. Nas biografias são expostos méritos alcançados na vida social, a fim de que os eleitores possam ter elementos sobre condições pessoais, prestígio e capacidade para servir o povo de cada um dos candidatos e emitir livremente o seu voto pelo que considere o melhor.
A marca final que queremos comentar é a votação e o escrutínio público. Em Cuba não é obrigatório o voto. Como estabelece o Artigo 3 da Lei Eleitoral, é livre, igual e secreto, e cada eleitor tem direito a um só voto. Ninguém tem, pois, nada que temer se não for ao seu colégio eleitoral no dia das eleições ou se decidir entregar o seu boletim em branco ou anulá-lo. Não acontece com em muitos países onde o voto é obrigatório e as pessoas são compelidas a votarem para não serem multadas, ou serem levadas a tribunal ou até para não perderem o emprego.
Enquanto noutros países, incluindo os Estados Unidos, a essência radica em que a maioria não vote, em Cuba garante-se que quem o deseje possa fazê-lo. Nas eleições efetuadas em Cuba desde 1976 até à data, em média, 97 % dos eleitores foram votar. Nas últimas três votaram mais de 8 milhões de eleitores.
A contagem dos votos nas eleições cubanas é pública, e pode ser presenciada em cada colégio por todos os cidadãos que o desejem fazer, inclusivamente a imprensa nacional ou estrangeira. E, para além disso, os eleitos só o são se alcançam mais de 50% dos votos válidos emitidos, e eles prestam contas aos seus eleitores e podem ser revogados a qualquer momento do seu mandato. Aspiro simplesmente a que com estas marcas agora enunciadas, um leitor sem informação sobre a realidade cubana responda a algumas elementares perguntas, como as seguintes: onde há maior transparência eleitoral e maior liberdade e democracia? onde se obtiveram melhores resultados eleitorais: em países com muitos partidos políticos, muitos candidatos, muita propaganda, ou na Cuba silenciada ou manipulada pelos grandes meios, monopolizados por um punhado de empresas e magnatas cada vez mais reduzido?
E aspiro, para alem disso, a que pelo menos algum dia, cesse na grande imprensa o muro de silêncio que se levantou sobre as eleições em Cuba, tal como noutros temas como a obra na saúde pública e na educação, e isso possa ser fonte de conhecimento para outros povos que merecem um maior respeito e um futuro de mais liberdades e democracia.
Juan Marrero - jornalista cubano, vice-presidente da União de Jornalistas de Cuba.

http://www.socialis mo.org.br/ portal/eleicoes/ 53-artigo/ 1469-outra- vez-eleicoes- em-cuba


sábado, 25 de setembro de 2010

Islândia: o país mais feminista do mundo!

By Bárbara Deister
http://3fingerspliz .wordpress. com/2010/ 03/31/islandia- o-pais-mais- feminista- do-mundo/

Hoje pela manhã uma amiga me mandou um link com uma matéria do “The Guardian” com o título do post, e o subtítulo também era de peso: “A Islândia acabou de banir todos os clubes de strip do país. Talvez até seja por causa da primeira ministra que é lésbica, mas também pode ser porque a Islândia é o país mais ‘female-friendly’ do planeta.”

Johanna Sigurðardóttir levou o crédito de ser a primeira mulher a liderar o governo islandês, mas na verdade essa honra foi de Vigdis Finnbogadottir, que foi presidente de 1980 a 1996. O país vem se tornando, rapidamente, um líder mundial no feminismo. Um país com uma pequena população de 320 mil habitantes e provavelmente com as mulheres mais bem tratadas, pelo menos, da Europa. A primeira ministra está prestes a conseguir o que muitos consideravam impossivel: encerrar a indústria do sexo no país. Foi aprovada uma lei que vai resultar no fechamento de todas as boates de strip.

E o mais impressionante: o país nórdico é o primeiro no mundo à proibir os stripes e as lapdances por razões feministas, e não religiosas. Kolbrún Halldórsdóttir, a ministra que propôs a proibição com firmeza, disse à imprensa nacional nesta última quarta-feira: “Não é aceitável que as mulheres ou as pessoas em geral sejam produtos para serem vendidos.” Ao ser perguntada sobre a Islândia se tornar o maior país feminista no mundo, ela respondeu: “É, certamente. Principalmente como resultado dos grupos feministas que colocam pressão sobre os parlamentares. Essas mulheres trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, com suas campanhas e, eventualmente, filtram os resultados para toda a sociedade.” A notícia é um verdadeiro impulso para as feministas de todo o mundo, mostrando-nos que quando um país inteiro se une por trás de uma idéia qualquer coisa pode acontecer.

E como a Islândia conseguiu? Para começar, o país tem um movimento forte feminino e um elevado número de mulheres na política. Quase metade dos parlamentares são mulheres, e foi classificado em quarto lugar entre 130 países no índice internacional Gender Gap (atrás da Noruega, Finlândia e Suécia). Todos estes quatro países escandinavos, em certa medida, criminalizaram a indústria do sexo (legislação que o Reino Unido irá adotar no dia 1 de Abril). “Uma vez que você quebra esse teto de vidro do passado, e tem mais de um terço de mulheres na política”, diz Halldórsdóttir, “muda alguma coisa. Essa energia feminista parece permear tudo.”

Johanna Sigurðardóttir é a primeira mulher, na Islândia e no mundo, a chefiar um estado e ser assumidamente lésbica. A Primeira-Ministra participa de campanhas contra a violência sexual, estupro e a violência doméstica: Johanna é uma grande feminista que desafia os homens de seu partido, e recusa sentir-se oprimida por eles.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Disputa eleitoral e avanço popular

O que os trabalhadores e os movimentos sociais podem fazer
para ampliar sua organização e fortalecer suas próprias lutas

Por Hamilton Octavio de Souza

A disputa eleitoral já está chegando ao final. Os jornais, as revistas, a TV, o rádio e a Internet há muito tempo estão noticiando a movimentação dos partidos e dos candidatos. Ao mesmo tempo veiculam também os podres de sempre, as matérias encomendadas, a baixaria, a troca de denúncias sensacionalistas. Tudo indica que até o primeiro turno das eleições, no dia 3 de outubro, o povo brasileiro será bombardeado por uma guerra suja sem limites éticos e políticos.

O tiroteio generalizado evidentemente encobre o verdadeiro sentido das eleições, que é a escolha consciente de propostas, programas e candidatos que expressem coerentemente as demandas maiores do povo. No meio da guerra suja, com acusações de todos os lados, fica cada vez mais difícil selecionar partidos e candidatos identificados com os trabalhadores e as causas populares, que mereçam a confiança não apenas no voto, mas principalmente depois de eleitos.

Nessas horas, o melhor mesmo é não se deixar enganar pelo discurso demagógico e nem pela propaganda enganosa, não embarcar no denuncismo rasteiro da grande imprensa, já que a artimanha dos setores conservadores, das elites e da direita em geral, é confundir o eleitorado, é colocar todo mundo no mesmo saco da despolitização, do fisiologismo, da corrupção e dos interesses pessoais. Os eleitores precisam se livrar dessas armadilhas e escolher candidatos verdadeiramente comprometidos com as transformações sociais.

Mais do que isso, o momento da eleição pode e deve ser aproveitado para que a comunidade, os trabalhadores e o povo, tratem de fortalecer as suas próprias organizações, as associações de moradores, os sindicatos, os movimentos sociais por moradia, educação, saúde, emprego, melhores condições de vida e de trabalho. Independemente da escolha de partidos e candidatos nessa eleição, as organizações populares devem debater a conjuntura política e econômica do país, construir suas próprias pautas de reivindicações, definirem seus métodos de luta, ter uma atuação forte e contínua para a obtenção de conquistas duradouras. A visão imediatista de que a eleição resolve tudo, é um grande equívoco.

A eleição deste ano vai escolher presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e estaduais. Devemos apoiar e votar somente naqueles candidatos que tenham projetos para o País, que não vão jamais trair o povo, que vão honrar os votos depois de eleitos.

A eleição não é a única forma de o povo trabalhador influenciar na política brasileira. A verdadeira democracia é mais ampla que o sistema representativo, contempla a participação efetiva do povo trabalhador nos destinos do país, nos espaços públicos e privados, nas escolas, nos locais de trabalho e nas instituições em geral.

O Brasil precisa de uma democracia real, ampla, participativa, com igualdade de direitos para todos. Mais importante do que o voto é a capacidade de pressão organizada dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Se o povo não defender as suas propostas com total autonomia, dificilmente o que é prometido na campanha eleitoral será cumprido posteriormente. A força dos trabalhadores depende de sua própria organização permanente, em movimentos sociais, sindicatos e partidos. A hora é de refletir e de agir. O que devemos fazer para construir no Brasil a democracia que assegure o avanço popular?

Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ficha Limpa corre risco!!!

Caros amigos,

A Ficha Limpa corre sério risco. Candidatos corruptos, barrados das eleições de outubro, estão apelando para o Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a “constitucionalidade” da lei. Se eles ganharem todos os candidatos corruptos que conseguimos banir, serão liberados para disputar as eleições de outubro.

O STF está dividido, alguns juízes defendem a aplicação imediata da Ficha Limpa, mas os outros estão dizendo que a lei só deverá valer para 2012. Eles irão julgar a constitucionalidade da Ficha Limpa esta quarta-feira. Nós precisamos agir rápido e deixar claro para os juízes do STF que a sociedade civil brasileira lutou arduamente para passar a Ficha Limpa e queremos que ela seja válida para as eleições de outubro!

Assine a petição ao STF pedindo a validação da lei Ficha Limpa. A petição será entregue diretamente ao Presidente do STF e a mídia!

http://www.avaaz.org/po/ficha_limpa_supremo/98.php?CLICK_TF_TRACK


Graças à Ficha Limpa, mais de 242 candidatas (os) notoriamente corruptas (os) foram barradas (os) das eleições de outubro. Esta lei simboliza uma melhoria imensa na qualidade das/dos nossas (os) governantes. Porém, em uma medida desesperada para permanecer no poder, as/os candidatas (os) banidas (os) estão recorrendo ao STF para julgar a Ficha Limpa inconstitucional, a fim de concorrer nas eleições de outubro.

A Ficha Limpa é uma das leis mais democráticas do país, sendo introduzida e aprovada por um esforço da sociedade civil brasileira sem precedentes. Ela se tornou um símbolo de esperança por um governo livre da corrupção. Percorremos um longo caminho pressionando o Congresso, com telefonemas, e-mails e mobilização popular, agora precisamos nos certificar que o STF irá defender a vontade dos brasileiros e não dos corruptos. Assine a petição agora para garantir a validade da Ficha Limpa em outubro:

http://www.avaaz.org/po/ficha_limpa_supremo/98.php?CLICK_TF_TRACK


Obrigado por fazer parte deste incrível movimento contra a impunidade e por um governo sem corrupção.

Com esperança por uma eleição sem corruptas (os),
Claudio Roberto de Jesus.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O que prejudica o Brasil

A direita brasileira continua muito atuante, tem uma agenda própria e articula ataques em várias frentes contra o que pode ameaçar seus interesses. O oligopólio da mídia neoliberal-burguesa expressa exatamente o que quer e o que faz a direita, que atua nas instituições públicas, nos poderes da República, nos bastidores da política e da economia. A direita cuida especialmente da defesa do capital, das vantagens econômicas do empresariado, dos privilégios patrimoniais das elites e do poder político das oligarquias.
Desde o final do ano passado a direita brasileira cerrou fileiras para enterrar de vez o esclarecimento dos crimes praticados pelo Estado na ditadura militar (1964-1985), em especial o que foi suscitado pelo 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, lançado em dezembro, e que levou o presidente da República a fazer alterações ao gosto dos setores mais reacionários. A direita não quer saber de Comissão da Verdade e da Justiça, não quer passar a limpo a história da prisão, tortura, morte e desaparecimento de opositores políticos.
A direita ataca as propostas de democracia participativa, tudo o que possa aperfeiçoar o sistema representativo e assegurar ao povo o papel de sujeito da história. A direita critica a realização de conferências nacionais que possibilitam a formulação de políticas públicas, assim como as propostas de plebiscitos e referendos para as grandes definições nacionais.
Amarrada aos pontos do Consenso de Washington, mesmo com o fracasso e a crise do neoliberalismo em todo o mundo, notadamente na América Latina, a direita brasileira continua defendendo a privatização de serviços públicos, rodovias, portos, aeroportos, educação e saúde – apesar da péssima prestação de tais serviços pelas empresas privadas.
Ao mesmo tempo rejeita, com muita força, todas as medidas que possam melhorar as condições de vida e trabalho do povo brasileiro. No momento, ataca a redução da jornada de trabalho para 40 horas e a mudança nos critérios das aposentadorias. A direita não tem o menor interesse que os trabalhadores conquistem uma vida com dignidade, que as leis trabalhistas sejam cumpridas.
A direita não se importa com a construção de um País mais justo, que assegure igualdade de oportunidade para todos, que amplie direitos, que trate do bem-estar das pessoas antes do lucro e do sucesso das empresas. Conhecer mais sobre a direita é identificar quem realmente tem prejudicado o Brasil.


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domingo, 19 de setembro de 2010

Parricídio tucano ou afasia suicida de José Serra

Por Gilberto Felisberto Vasconcellos


O que significa, do ponto de vista político e psicológico, o personagem José Serra no cenário da direita no Brasil e na América Latina?
Foi líder estudantil da UNE, o que não quer dizer talento retórico nem capacidade intelectual; todavia se no passado porventura possuía algum charme persuasivo, atualmente não lhe sobrou nada, e isso está relacionado com a sua progressiva direitização depois do Chile, ou talvez até antes. Serra em Santiago foi uma espécie de garçom ou mordomo de FHC, a quem deverá o futuro ingresso nas altas rodas banqueiras em São Paulo, tendo apoio da missa católica de Franco Montoro para fazer-se deputado.
Do Chile, José Serra vem carimbado de “marxista”, fazendo marola que estava na trincheira do marxismo, quando na verdade sua quitanda era a Cepal burguesa e desenvolvimentista, sob a direção de Raul Prebish, economista ponta de lança do imperialismo inglês na Argentina, odiado por peronistas, nacionalistas e trotskistas.

Não há contribuição alguma de José Serra à teoria econômica na América Latina. Isso foi dito em 1978 por Ruy Mauro Marini, artigo publicado na Revista de Sociologia Mexicana. José Serra, sem o menor escrúpulo intelectual, censurou o artigo de Ruy Mauro Marini no Cebrap. Neste artigo, aparecia como ele é hoje: um homem que se ufana da burguesia industrial e financeira paulista, um tecnocrata operador do capital monopolista internacional.
Ruy Mauro Marini antecipou o balé financeiro multinacional de José Serra, origem pobre, mas fascinado pelo Banco e pelo poder do dinheiro fazer dinheiro, que não tem nada a ver com o capital produtivo. O PSDB é a expressão de classe da universalização do capital monopolista, isto é, do imperialismo.

Funeral de Allende

A saga mal contada do Chile. Não se conhece nenhum protesto tucano contra a derrubada do presidente Salvador Allende. E esse silêncio, ou essa atitude impassível em relação ao socialismo chileno golpeado pela CIA, é revelador do tipo de “democracia” a que está afeiçoado o PSDB.
José Serra no Chile esteve mais próximo do ‘catolicão’ Eduardo Frei do que do comunista Salvador Allende, ao contrário do que sucedeu com Ruy Mauro Marini, Andre Gunder Frank e Darcy Ribeiro.
Eduardo Frei não só conspirou no golpe de Estado de 1973, como celebrou o regime de Pinochet, o qual contou com o Banco Mundial assessorado por Milton Friedman e os economistas Chicago Boys, que foram admirados e aplaudidos por Roberto Campos, o economista que se esforçou para privatizar a Petrobras e a Vale do Rio Doce.

O modelo econômico de Pinochet foi inspirado na ditadura brasileira de 1964 com os planos de “austeridade” ditados pelo FMI e Banco Mundial, privatizadores com corte de gastos estatais.
O que existe em comum entre Milton Friedman, FHC e José Serra? Estes no poder venderam as empresas estatais para o capital privado e, principalmente, para o capital estrangeiro.
Essa política neoliberal de desnacionalização, que direcionou tanto o regime fascista de Pinochet quanto a social democracia de FHC e Serra, baseia-se em três pilares: exportação, austeridade e superexploração do trabalho.
A Cepal de Raul Prebisch foi a antesala dos Chicago Boys de Milton Friedman, os quais ocuparam altos cargos executivos no regime fascista de Pinochet. A política econômica do general chileno foi de caráter neoliberal e privatizante tanto quanto a da “era vendida” de FHC e Serra. Isso significa que, para além da superficial análise políticóloga baseada na noção de “autoritarismo”, a repressão policial durante a “era vendida” não se fez necessária no Brasil para garantir o domínio neoliberal da burguesia financeiro-monopolista e sua acumulação de capital.
O genocídio econômico neoliberal no Chile estava, segundo Pinochet, justificado por uma “democracia autoritária”.

Panteão caipira

Se a ditadura de 64 seguiu o receituário tecnocrático de Roberto Campos, o repercurtor colonizado de Milton Friedman, o guru gringo de Pinochet, então a política privatizante do general chileno foi, por sua vez, radicalizada pelo príncipe da sociologia no Brasil, que recebeu o justo epíteto de “o rei das privatizações”, disputando esse qualificativo na América Latina com Menem na Argentina e Fujimori no Peru. É por causa desse condicionante econômico do capital monopolista que FHC e Serra nunca derramaram lágrima alguma para Salvador Allende assassinado pelos Chicago Boys, os quais iriam inspirar mais tarde a decisão tucana de privatizar a Vale do Rio Doce e vender as ações da Petrobrás.

FHC e Serra no poder iriam repetir e copiar Albert Hirschman, outro economista anti-marxista que não difere substancialmente de Walt Rostow bancado pela CIA, o assessor de Kennedy e Johnson que mandou jogar bomba nas cabeças dos vietnamitas.

A fúria neoliberal privatizante dos tucanos não foi de inspiração autóctone, ou o resultado de seu convívio com Ulisses Guimarães e Franco Montono, o panteão caipira do largo São Francisco, incluindo o cowboy Orestes Quércia.
Como tudo o que acontece com eles, a diretriz é traçada invariavelmente do exterior e dos centros imperialistas. A compreensão dessa política entreguista do PSDB está em Andre Gunder Frank, sociólogo nascido em Berlim (1929) que deu aula na Universidade de Brasília convidado por Darcy Ribeiro, e que continua até hoje sendo o demônio das ciências sociais.
Gunder Frank, o autor de O Desenvolvimento do Subdesenvolvimento morreu em 2005, deixou uma notável obra teórica e histórica, que é o desmascaramento do neoliberalismo com a ideologia da globalização do capital monopolista.
O detalhe é que além de ter vivido no Chile na época de Salvador Allende, o marxista Gunder Frank, foi aluno de Milton Friedman na Universidade de Chicago na década de 50 e percebeu o caráter reacionário de seu mestre, rompeu com ele e com a Universidade de Chicago, e mais tarde no Chile, denunciou o crime contra o povo latinoamericano perpetuado por aquele figurão que ganhou o prêmio Nobel de economia, por ser o paradigma monetarista do vínculo entre a universidade e o banco, como é também o caso, repetido na periferia, do percurso de FHC e Serra, os quais concentraram o poder econômico e venderam o país, seguindo a terapia do “tratamento de choque”, a expressão de autoria de Milton Friedman, cuja política, como dizia Gunder Frank, aumentou o monopolismo capitalista no mundo, desde quando assessorou Barry Goldwater e orientou as medidas econômicas de Nixon.

Para América Latina exportou a bula, repercutida décadas depois pelos tucanos, sobre a “estabilização da economia”, que não é diferente do modelo de Roberto Campos.

Mercado livre e pau-de-arara

É preciso desconfiar da auto-propagada vocação dos tucanos à democracia. Roberto Campos também se dizia fã da democracia quando serviu à ditadura. Milton Friedman escreveu o livro Capitalismo e Liberdade e contribuiu para o assassinato de 30 mil pessoas no Chile, apelando para os princípios do “mercado livre” e do neoliberalismo. Por isso é preciso perguntar o seguinte: até onde vai o amor de José Serra pela democracia? O fascismo político de Pinochet se valeu do neoliberalismo na economia, o qual será retomado por FHC com eleições, seguindo o que receitava o guru Milton Friedman: o lucro é a essência da democracia. FHC sempre disputou as eleições por cima e em situação favorável, a moeda “real” foi a cédula eleitoral no bolso, dizia Leonel Brizola. Depois se reelegeu na maré das reeleições, o que não acontecerá com José Serra, que é uma espécie de primo pobre da tucanalha, desprovido das fortunas maquiavélicas que foram oferecidas para FHC na Casa Grande.
A dialética Casa Grande e Senzala funciona como um sintoma psicológico de um partido político repleto de egos vaidosos e sem carisma. FHC colocou a graça de seu carisma no dinheiro, na moeda, ficando conhecido como o “príncipe da moeda”.

Herança Vende-Pátria

Hoje, em situação mundial desfavorável provocada pela crise financeira do imperialismo (FHC esteve oito anos agenciando a globalização do capital estrangeiro), o PSDB com José Serra – representando os interesses da burguesia financeira e industrial de São Paulo – se prepara para voltar ao Palácio da Alvorada.

Há porém um problema neste teatro subshakesperiano. É que depois do estrago entreguista de FHC, os tucanos não têm discurso a apresentar, digamos, nenhuma esperança em cima da telenovela, da moeda e da estabilização da economia.
Ainda que não reconheça publicamente, José Serra gostaria de descartar-se da herança de seu progenitor, porque essa herança é um estorvo fatal para ele, impedido de falar que vai retomá-la e tirar-lhe a parte ruim.
Afinal, que “Brasil venceu” com oito anos de FHC? José Serra vive essa contradição em sua trajetória política, pois não poderá negar a paternidade que o gerou, embora esse DNA seja um obstáculo para palmilhar o caminho da Presidência da República.

É difícil para José Serra refutar que a era FHC, com a sua política de privatização internacional e agente da universalização do capital privado, foi um retrocesso nacional, que não fez senão prosperar os bancos e as corporações multinacionais.

Durante a “era vendida” de FHC, o PSDB foi o instrumento político do capital globalizado, que levou adiante as medidas entreguistas de 64, valendo-se do argumento da eficácia, da racionalidade e da competência na administração da vassalagem entreguista.

Baile de Manhattan

Analisado de olho na América Latina, o governo neoliberal de FHC –que José Serra estará compelido a defender agora com todos os constrangimentos – tomou como paradigma e aprofundou o que foi feito na economia pelos Chicago Boys no Chile do general Pinochet.
O neoliberalismo econômico de FHC, Menem e Fujimori começou com as ditaduras da década de 60. A retirada de todas as restrições ao capital estrangeiro, a liberalização dos mercados, a desregulação das empresas privadas, as prescrições sobre os “ajustes estruturais” fizeram parte do pacote macroeconômico chamado “estabilização” aplicado em escala mundial a mando do FMI e do Banco Mundial. Essa foi, na era privatizadora de FHC, a economia portifólio e especulativa, de acordo com o processo de acumulação de capital sob a égide da financeirização.

Quem fez a farra com o Plano Real foi, dentre outros bancos estrangeiros, o Chase Manhattan com os seus superlucros. São os bancos e as grandes instituições financeiras que irão conceder o prêmio Honoris Causa para FHC, o “gênio das ciências sociais” enfiando (como dizia Leonel Brizola) os barretes em sua cabeça por várias universidades do Primeiro Mundo pelo serviço prestado, sobretudo na Inglaterra de Tony Blair, o afilhado de dona Tatcher e pupilo de Giddens, o comensal assíduo nos ágapes oferecidos por Rupert Murdoch, a patota Barclays Bank e British Airways.
A política econômica neoliberal foi um desastre para a América Latina, empobreceu muita gente e marginalizou amplos setores da população. José Serra irá corrigir os defeitos dessa política imperialista de FHC? É difícil imaginar o discurso do PSDB agora para o que defendeu e executou no poder durante oito anos, tendo sido o principal agente político da universalização do capital monopolista.

Culpa e Insônia
O travesseiro de José Serra está esquentado com a questão: o que dizer na campanha de 2010 acerca da herança daquele que foi o seu progenitor político? Agora, com a crise da financeirização política do capital monopolista, nem a direita da metrópole defende mais a “flexibilização do capitalismo”.
A insônia de José Serra tem razão de ser: cadê o Giddens? Cadê o Blair? Cadê a Tatcher? Cadê o Clinton?
O modelo terceira via-globalização-privatizante-neoliberal fracassou. A alternativa durante a campanha é retornar a Keynes e aos investimentos públicos? Será que isso surtirá algum efeito?
O problema é o peso da herança: FHC foi a transferência do patrimônio público para os interesses privados.
O PSDB não é social nem democrático. Quem faz o programa desse partido é a big finança, e esta não tem nada de democrática; ao contrário, o capitalismo monopolista é contra a democracia.
O interesse imperialista da metrópole é o que determina a concepção do PSDB.

Os gerentes e estamentos anglosaxônicos formularam as políticas da “terceira via” e da privatização, porém isso resultou num desastre completo.
O que foi outrora tido como gênio, Tony Giddens, citado impreterivelmente na bibliografia dos cursos da pós-graduação em ciências sociais, virou um badameco da burguesia pirata de Londres.
Segundo o sibarita Giddens, acabou a luta de classes entre burguesia e proletariado, o vínculo entre nação opressora e nação oprimida foi dissolvido, dissipou a contradição capitalismo versus socialismo, assim a filantropia das ONGs é o que resolve a penúria; enfim, essa “terceira via” neoliberal privatizadora aumentou o abismo entre pobres e ricos.
O PSDB é um partido político colonizado e mimético, sua formatação origina-se dos centros financeiros do capitalismo, seu internacionalismo, ou melhor, seu cosmopolitismo é burguês, portanto não há abracadabra possível que faça José Serra pousar de nacionalista e defensor das riquezas naturais do país; afinal ele foi o fautor e companheiro de viagem do funeral feagaceano da era Vargas. Então, sem que se reduza a política à psicanálise, é preciso reconhecer que um espectro ronda o arraial tucano: o do parricídio. É a matança (simbólica, claro) do pai FHC pelo filho José Serra, se este quiser se despregar da “era vendida”, pelo menos durante a campanha eleitoral de 2010. Se não for seguido este caminho, não restará outra alternativa senão a afasia que o levará à autoimolação política.

Adiós, Serra.

Gilberto Felisberto Vasconcellos é sociólogo, jornalista e escritor
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Plebiscito pelo limite de terra continua até o próximo dia 12 de setembro.

Por Assessoria de Comunicação FNRA

Maioria dos estados brasileiros decidiu prorrogar o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra até o próximo final de semana; divulgação do resultado será feita nos dias 18 e 19 de outubro

A decisão foi tomada devido à grande procura da população para participar do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, que começou em todo Brasil na última quarta-feira, dia 1º de setembro.

Com o feriado prolongado de 7 de setembro, várias escolas e universidades que estão com comitês formados para a votação vão continuar com o plebiscito popular. Além disso, paróquias também vão realizar grandes manifestações no fim de semana para chamar suas comunidades a aderirem à Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra.

Os estados confirmados para a prorrogação são: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Tocantins, Amazonas, Pará, Bahia, Paraíba, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. O estado do Rio de Janeiro continua com a votação até a próxima sexta-feira, dia 10.

O abaixo-assinado, que circulou junto com a votação, continua em todo país até o final deste ano. O objetivo desta coleta de assinaturas é entrar com um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional para que seja inserido um novo inciso no artigo 186 da Constituição Federal que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural.

Já o plebiscito popular, além de consultar a população sobre a necessidade de se estabelecer um limite máximo à propriedade da terra, tem a tarefa de ser, fundamentalmente, um importante processo pedagógico de formação e conscientização do povo brasileiro sobre a realidade agrária do nosso país e de debater sobre qual projeto defendemos para o povo brasileiro. Além disso, o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra veio como um instrumento para pautar a sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de se realizar uma reforma agrária justa em nosso país.

Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Limite da Propriedade da Terra: plebiscito e movimento - Vítor Lucena*

“Você concorda que as grandes propriedades de terra no Brasil devem ter um limite máximo de tamanho?” Entre 1º e 7 de setembro, a sociedade brasileira será convidada a responder essa pergunta. Em todo país, já têm início uma série de debates, formações, e preparação para este que será mais um grande plebiscito promovido pelos movimentos sociais do campo e da cidade em todo Brasil.

A Campanha Nacional pelo Limite de Propriedade da Terra, em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar, organizada desde 2000 pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), aproveita este momento político intenso na sociedade para enfrentar o tema do latifundio no Brasil, e afirmar qual projeto agrário de país o povo deseja e necessita.

A campanha também intensificará a luta pra incluir na Constituição Federal por Emenda Constitucional um dispositivo que limite a terra rural em 35 módulos fiscais, sendo as maiores que essas automaticamente incorporadas ao patrimônio público. A aprovação da emenda afetaria somente pouco mais que 50 mil proprietários de terras, e resultaria em mais de 200 milhões de hectares de terra para o assentamento de famílias camponesas sem terra.
O latifúndio voltado para o agronegócio e exportação é grande responsável pela concentração de terra no Brasil, e nosso país a segunda maior concentração fundiária do mundo. Metade das propriedades rurais no Brasil são de dimensões de agricultura familiar (menos de 10 hectares) e ocupam apenas 2,36% da área do país, enquanto 2,8% são latifúndios e ocupam 56,7% extensão territorial agricultável do país. Ainda assim, a agricultura familiar representa 74,4% das pessoas ocupadas no campo e 70% dos alimentos produzidos para os brasileiros. Soma-se a isso o grande desastre ambiental que o agronegócio promove, ao ampliar a fronteira agrícola e devastar o meio-ambiente ainda preservado no Brasil.

Debater esses temas durante o Plebiscito significa desmascarar a atual farsa do “milagre econômico” atribuída à agricultura empresarial para a exportação. É uma oportunidade dos movimentos entrarem com uma pauta concreta e unificada no debate político nacional, e comprometer os candidatos ao legislativo e executivo com a pauta da agricultura camponesa. Poderemos massificar da urgência da reforma agrária enquanto programa de governo, e da agricultura familiar como política de Estado permanente no Brasil. Será preciso muita mobilização, luta e pressão social, pois que em todas as esferas do poder público há resistência à democratização da terra pelo setor agrário-conservador, apoiado pela mídia empresarial.

As universidades também não podem ficar de fora. Os estudantes precisam conhecer o Plebiscito e a Campanha, organizar comitês nos seus locais de estudo, divulgar nas suas redes sociais (reais e virtuais) e de fato montar as mesas de votação que coletarão a opinião do povo sobre o tema. Por fim, o Plebiscito culminará em grandes atos em todo Brasil, no dia 7 de Setembro, junto ao Grito dos Excluídos.

E a campanha não termina com o Plebiscito. É importante levar essa pauta a todos os fóruns do movimento estudantil, massificar essa idéia, e articular o conjunto dos estudantes e da juventude para aderir à proposta. Com a unidade dos trabalhadores do campo e da juventude, teremos força para as lutas pela liberdade e justiça para o povo brasileiro.

*Vítor Lucena diretor de movimentos sociais da UNE.

Contato da campanha:

Site: http://www.limitedaterra.org.br/

E-mail: comunicacao@limitedaterra.org.br

Twitter: @limitedaterra

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PLEBISCITO PELO LIMITE DA TERRA




Vivem hoje na zona rural brasileira cerca de 30 milhões de pessoas, pouco mais de 16% da população do país. O Brasil apresenta um dos maiores índices de concentração fundiária do mundo: quase 50% das propriedades rurais têm menos de 10 ha.

Por: Frei Betto

•Entre 1 e 7 de setembro o Fórum Nacional da Reforma Agrária e Justiça no Campo promoverá, em todo o Brasil, o plebiscito pelo limite da propriedade rural. Mais de 50 entidades que integram o Fórum farão da Semana da Pátria e do Grito dos Excluídos, celebrado todo 7 de setembro, um momento de clamor pela reforma fundiária em nosso país.

•Vivem hoje na zona rural brasileira cerca de 30 milhões de pessoas, pouco mais de 16% da população do país. O Brasil apresenta um dos maiores índices de concentração fundiária do mundo: quase 50% das propriedades rurais têm menos de 10 ha (hectares) e ocupam apenas 2,36% da área do país. E menos de 1% das propriedades rurais (46.911) têm área acima de 1 mil ha cada e ocupam 44% do território (IBGE 2006).

•Diante deste quadro de grave desigualdade, não se pode admitir que imensas propriedades rurais possam pertencer a um único dono, impedindo o acesso democrático à terra, que é um bem natural, coletivo, porém limitado.

•O objetivo do plebiscito é demonstrar ao Congresso Nacional que o povo brasileiro deseja que se inclua na Constituição um novo inciso limitando a propriedade da terra - princípio adotado por vários países capitalistas - a 35 módulos fiscais. Áreas acima disso seriam incorporadas ao patrimônio público e destinadas à reforma agrária.

Isso é matéria que agente viu ano passado com o Miquéias:

•O módulo fiscal serve de parâmetro para classificar o tamanho de uma propriedade rural, segundo a lei 8.629 de 25/02/93. Um módulo fiscal pode variar de 5 a 110 ha, dependendo do município e das condições de solo, relevo, acesso etc.. É considerada pequena propriedade o imóvel com o máximo de quatro módulos fiscais; média, 15; e grande, acima de 15 módulos fiscais.

•Um limite de 35 módulos fiscais equivale a uma área entre 175 ha (caso de imóveis próximos a capitais) e 3.500 ha (como na região amazônica). Apenas 50 mil entre as cinco milhões de propriedades rurais existentes no Brasil se enquadram neste limite. Ou seja, 4,950 milhões de propriedades têm menos de 35 módulos fiscais.

•Nos últimos 25 anos, 1.546 trabalhadores rurais foram assassinados no Brasil; 422 presos; 2.709 famílias expulsas de suas terras; 13.815 famílias despejadas; e 92.290 famílias envolvidas em conflitos por terra! Foram registradas ainda 2.438 ocorrências de trabalho escravo, com 163 mil trabalhadores escravizados.

•Desde 1993, o Grupo Móvel do Ministério do Trabalho libertou 33.789 'escravos'(Trabalhadores Compulsórios, a unica diferença para escravos é que não objetos de venda). De 1.163 ocorrências de assassinatos, apenas 85 foram a julgamento, com a condenação de 20 mandantes e 71 executores. Dos mandantes, somente um se encontra preso, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, um dos mandantes da eliminação da irmã Dorothy Stang, em 2005.

•Tanto o plebiscito quanto o abaixo-assinado visam a aprovar a proposta de emenda constitucional (PEC 438) que determina o confisco de propriedades onde se pratica trabalho escravo, bem como limites à propriedade rural. As propriedades confiscadas seriam destinadas à reforma agrária.

•Embora o lobby do latifúndio apregoe as "maravilhas" do agronegócio, quase todo voltado à exportação e não ao mercado interno, a maior parte dos alimentos da mesa do brasileiro provém da agricultura familiar. Ela é responsável por toda a produção de verduras; 87% da mandioca; 70% do feijão; 59% dos suínos; 58% do leite; 50% das aves; 46% do milho; 38% do café; 21% do trigo.

•A pequena propriedade rural emprega 74,4% das pessoas que trabalham no campo. O agronegócio, apenas 25,6%. Enquanto a pequena propriedade ocupa 15 pessoas por cada 100 ha, o agronegócio, que dispõe de tecnologia avançada, somente 1,7 pessoas.

Frei Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org -Twitter:@freibetto