terça-feira, 26 de abril de 2011

Em defesa do Estado Democrático e Laico



Em primeiro lugar, quero lembrar que nós vivemos em um Estado Democrático de Direito e laico. Para quem não sabe o que isso quer dizer, “Estado laico”, esclareço: O Estado, além de separado da Igreja (de qualquer igreja), não tem paixão religiosa, não se pauta nem deve se pautar por dogmas religiosos nem por interpretações fundamentalistas de textos religiosos (quaisquer textos religiosos). Num Estado Laico e Democrático de Direito, a lei maior é a Constituição Federal (e não a Bíblia, ou o Corão, ou a Torá).
Logo, eu, como representante eleito deste Estado Laico e Democrático de Direito, não me pauto pelo que diz A Carta de Paulo aos Romanos, mas sim pela Carta Magna, ou seja, pelo que está na Constituição Federal. E esta deixa claro, já no Artigo 1º, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana e em seu artigo 3º coloca como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A república Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da prevalência dos Direitos Humanos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais.
Seus discursos de ódio têm servido de pano de fundo para brutais assassinatos de homossexuais, numa proporção assustadora de 200 por ano, segundo dados levantados pelo Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional. Incitar o ódio contra os homossexuais faz, do incitador, um cúmplice dos brutais assassinatos de gays e lésbicas, como o que ocorreu recentemente em Goiânia, em que a adolescente Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, que, segundo a mídia, foi brutalmente assassinada por parentes de sua namorada pelo fato de ser lésbica. Ou como o que ocorreu no Rio de Janeiro, em que o adolescente Alexandre Ivo, que foi enforcado, torturado e morto aos 14 anos por ser afeminado.
O PLC 122 , apesar de toda campanha para deturpá-lo junto à opinião pública, é um projeto que busca assegurar para os homossexuais os direitos à dignidade humana e à vida. O PLC 122 não atenta contra a liberdade de expressão de quem quer que seja, apenas assegura a dignidade da pessoa humana de homossexuais, o que necessariamente põe limite aos abusos de liberdade de expressão que fanáticos e fundamentalistas vêm praticando em sua cruzada contra LGBTs.
Assim como o trecho da Carta de Paulo aos Romanos que diz que o “homossexualismo é uma aberração” [sic] são os trechos da Bíblia em apologia à escravidão e à venda de pessoas (Levítico 25:44-46 – “E, quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas…”), e apedrejamento de mulheres adúlteras (Levítico 20:27 – “O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles…”) e violência em geral (Deuteronômio 20:13:14 – “E o SENHOR, teu Deus, a dará na tua mão; e todo varão que houver nela passarás ao fio da espada, salvo as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR, teu Deus…”).
A leitura da Bíblia deve ensejar uma religiosidade sadia e tolerante, livre de fundamentalismos. Ou seja, se não pratica a escravidão e o assassinato de adúlteras como recomenda a Bíblia, então não tem por que perseguir e ofender os homossexuais só por que há nela um trecho que os fundamentalistas interpretam como aval para sua homofobia odiosa.
Não declarei guerra aos cristãos. Declarei meu amor à vida dos injustiçados e oprimidos e ao outro. Se essa postura é interpretada como declaração de guerra aos cristãos, eu já não sei mais o que é o cristianismo. O cristianismo no qual fui formado – e do qual minha mãe, irmãos e muitos amigos fazem parte – valoriza a vida humana, prega o respeito aos diferentes e se dedica à proteção dos fracos e oprimidos. “Eu vim para que TODOS tenham vida; que TODOS tenham vida plenamente”, disse Jesus de Nazaré.
Não, eu não persigo cristãos. Essa é a injúria mais odiosa que se pode fazer em relação à minha atuação parlamentar. Mas os fundamentalistas e fanáticos cristãos vêm perseguindo sistematicamente os adeptos da Umbanda e do Candomblé, inclusive com invasões de terreiros e violências físicas contra lalorixás e babalorixás como denunciaram várias matérias de jornais: é o caso do ataque, por quatro integrantes de uma igreja evangélica, a um centro de Umbanda no Catete, no Rio de Janeiro; ou o de Bernadete Souza Ferreira dos Santos, Ialorixá e líder comunitária, que foi alvo de tortura, em Ilhéus, ao ser arrastada pelo cabelo e colocada em cima de um formigueiro por policiais evangélicos que pretendiam “exorcizá-la” do “demônio”.
O que se tem a dizer? Ou será que a liberdade de crença é um direito só dos cristãos?
Talvez não se saiba, mas quem garantiu, na Constituição Federal, o direito à liberdade de crença foi um ateu Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Aforjá, Jorge Amado. Entretanto, fundamentalistas cristãos querem fazer uso dessa liberdade para perseguir religiões minoritárias e ateus.
Repito: eu não declarei guerra aos cristãos. Coloco-me contra o fanatismo e o fundamentalismo religioso – fanatismo que está presente inclusive na carta deixada pelo assassino das 13 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro.
Reitero que não vou deixar que inimigos do Estado Democrático de Direito tente destruir minha imagem com injúrias como as que fazem parte da matéria enviada para o Jornal do Brasil. Trata-se de uma ação orquestrada para me impedir de contribuir para uma sociedade justa e solidária. Reitero que injúria e difamação são crimes previstos no Código Penal. Eu declaro amor à vida, ao bem de todos sem preconceito de cor, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de preconceito. Essa é a minha missão.
*Jean Wyllys – deputado federal (PSOL-RJ)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Páscoa de vida digna






* Heloísa Helena*

Eis um período – para mim – maravilhosamente propício para a reflexão sobre Vida, Liberdade, Renascimento, Ritos de Passagem… Hipocrisia, Angústia, Poder, Solidão! Desde criança – na catequese por queridas freiras holandesas e padres católicos – que eu achava muito estranho o fato de Jesus ter sido recebido de forma imensamente triunfal “como Rei e Salvador” pelo mesmo povo que em poucos dias gritavam “Crucifica-o, Crucifica-o”… Eu – pequeninha, magrela e de imensas tranças – ficava pensando “que gente mais falsa…”
O Domingo de Ramos é exemplar! Jesus – debochado por muitos como o “filho do carpinteiro e de Maria” (aliás, pensemos o que sofreu Maria diante das línguas cínicas e ferinas das víboras fofoqueiras…) – que já tinha de chicote na mão, literalmente botado pra quebrar no templo cheio de farsantes e vendilhões… Entra de Jumentinho e é saudado entusiasticamente pela multidão! O Poder Local – César, Pilatos e Cia – em conluio mais que atual, demonstra à multidão que quem estiver ao lado do Rei dos Céus estará contra o Rei da Terra… aí o coeficiente de trairagem popular aumentou velozmente e foram aplaudidas todas as formas de humilhações (da brutalidade nas agressões físicas às cusparadas e xingamentos preconceituosos!). E se faz necessário lembrar que, com raríssimas exceções masculinas, a linda coragem da solidariedade a Jesus, no episódio, ficou mesmo para as mulheres!
O Monte das Oliveiras é outro momento de imensa intensidade espiritual e angústia absolutamente humana… onde Jesus, mesmo tomado pela Fé e Orações, demonstra tanto sofrimento, tristeza e medo… o retrato da humildade das nossas fraquezas humanas seja nos Apóstolos que dormiam ou na extrema exaustão emocional de Jesus que o leva a suar gotas de sangue. E durante a Crucificação, além do perdão e da opção pelo sacrifício, se apresenta também o doloroso sentimento de abandono e solidão gemendo na frase “Eloí Eloí, lema sabactâni… Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste…”
E a Páscoa? Ah! Além dos deliciosos ovos de chocolate para alguns que podem comprar… A Páscoa verdadeira em nosso tempo não chegou! Muitos de nós estamos lutando por ela irmanados nos Ritos de Passagem: Escravidão e Liberdade do Povo de Deus, Morte e Renascimento de Jesus! Infelizmente ainda persistem o sofrido caminhar de muitos nas travessias dos desertos de indigência social; nas peregrinações de humilhações extremas por vagas nas escolas e assistência à saúde; nas horas de angústia e desespero em ônibus superlotados; nos escombros sob as chuvas soterrando crianças; nas infames vendas de órfãos para ricos pedófilos e virgindades de meninas para bandidos políticos; na exploração insaciável e predatória da natureza… e em tantas outras formas de Violência, Escravidão e Morte…
A Páscoa chegará quando a música, em belos adágios por violinos e flautas, estiver sendo tocada por pequenas mãos pobres e frágeis de crianças que o maldito narcotráfico machucou, mas não aniquilou… A Páscoa chegará quando não ensinarmos às nossas crianças a prática desrespeitosa das palavras humilhantes e malditas “negrinha, doido, aleijado, bicha”… A Páscoa chegará quando os idosos estiverem sendo contemplados com profundo respeito às marcas que o tempo deixou… A Páscoa chegará quando não se ostentar por vaidade luxuosa as peles de animais no vestuário… A Páscoa chegará quando a intolerância religiosa for extirpada e o oportunismo vulgar e comercial em nome de Deus for superado…
Alguns dirão que tudo isso é romantismo ridículo e impossível de se concretizar… Alguns vão preferir simplesmente fazer de conta que nada vêm nas dores e sofrimento do mundo crucificado… E euzinha e muitos outros mais repetiremos Cecília: “É preciso não esquecer nada… nem o sorriso para os infelizes, nem a oração de cada instante… O que é preciso esquecer… é o dia carregado de atos e a idéia de recompensa e glória…”
Felizes todos os dias em que buscamos a Páscoa… nas Travessias em Lágrimas pelos Desertos ou em Caminhos Perfumados de Jasmins, Angélicas, Lírios e todas as Flores que anunciam a Generosa Festa da Colheita de Paz e Justiça Social que um dia chegará!



*HELOÍSA HELENA é vereadora pelo PSOL em Maceió.
Twitter: @_Heloisa_Helena
E-mail: heloisa.ufal@uol.com.br

terça-feira, 19 de abril de 2011

A Barbárie na Saúde Pública

Heloísa Helena *



Qualquer pessoa de bom senso, independentemente de filiação partidária ou convicção ideológica, fica definitivamente estarrecida e indignada com a situação de completa irresponsabilidade, incompetência e insensibilidade na prestação dos Serviços Públicos de Saúde.

A angústia é intensa para quem conhece o Arcabouço Jurídico do Sistema Único de Saúde, o Perfil Epidemiológico, a Rede instalada, o conjunto de Normas Técnicas e Operacionais, os Convênios, os Programas de Saúde, os Manuais, os Parâmetros para Programação das Ações de Saúde – da Atenção Básica à Média e Alta Complexidade e etc, etc… e torna-se mais dolorosa para quem trabalha diretamente com o desespero de milhares de pobres implorando por Assistência e ainda tendo que ouvir a desprezível cantilena cínica e mentirosa dos Governantes para justificar a ausência de eficácia e resolutividade no Setor Saúde, seja nas cidades do interior ou na capital.

Nada mais doloroso há do que a certeza de que nenhuma proposta precisa ser criada, nenhum projeto novo inventado, nenhuma lei a ser aprovada… necessitamos apenas do cumprimento da Legislação em vigor; do respeito à tão discursada Legalidade; do Financiamento conforme manda os Princípios Doutrinários do SUS e os Princípios Administrativos que deles derivam; da Execução de Reformas e Construções de Projetos já prontos; e portanto da preservação de Dignidade no atendimento ao ser humano, no momento mais fragilizado da sua existência, conforme é esperado em qualquer sociedade que se proclame civilizada.

Para melhor analisar a prestação desses Serviços – sem a hipocrisia fria de alguns políticos ladrões e “calminhos” – tentemos o delicado e precioso exercício imaginário da verdadeira Solidariedade… Imagine um corredor hospitalar com um amontoado de macas, cadeiras, gemidos, gritos, odores, feridas apodrecidas… e no meio dessa infinita indigência humana visualize a sua Mãe, idosa, doente, jogada num colchonete no chão, suja de fezes e urina, num calor insuportável, semi-nua sem um trapo de pano sequer para cobrir e preservar sua intimidade… O que você faria??

Vejamos mais… visualize a sua Esposa amada, mãe dos seus filhos pequenos, que detectando um tumor na mama, perambula mais de um ano tentando consultas e exames, e mesmo depois de identificar – em intensa tristeza e desespero – que tem uma neoplasia maligna e existe a necessidade de uma cirurgia mutiladora como a mastectomia, ela não consegue nenhum leito público para ao menos arrancar um tumor cancerígeno a cada dia invadindo mais o seu corpo… O que você faria??

Imagine mais… a sua Filha – que você acalentou nos braços pequenina – grávida, gemendo de contrações, humilhada nas portas das maternidades, precisando ao menos de um lugar seguro para realização de um parto e não conseguindo o atendimento, começa a sangrar e perde seu pequeno bebezinho… O que você faria??

Ah! Se fosse com seus entes queridos e amados você dava escândalo, gritava, exigia dignidade, faria o impossível para garantir a realização dos procedimentos necessários… Porque o mesmo não pode ser feito pelos nossos irmãos, filhos (as) do mesmo Deus Pai que nas Igrejas louvamos e no cotidiano muitos negam pela omissão da oferta de Amor e Caridade tão discursada nas Religiões e tão distanciada por tantos que se intitulam “ungidos e fiéis”…

É exatamente pela omissão e cumplicidade de muitos eleitores, que as necessárias mudanças estruturais – a curto, médio e longo prazo – demoram tanto a acontecer… porque para muitos agentes públicos, na política especialmente, o caos na Saúde Pública constitui o melhor dos mundos para eles… por um lado garante a preservação dos seus Reinados de Podres Poderes através das indignas condições dos pobres rastejando nos comitês eleitorais mendigando por consultas, remédios, exames… e por outro lado preservam os intocáveis amigos de certos políticos, verdadeiros Comerciantes de Saúde que a cada dia, pela ausência de Gestão Pública, são impulsionados a construir Castelos de Riquezas na Mercantilização da Saúde em novas e ao mesmo tempo arcaicas modalidades de Privatização do Setor. Temos que dizer BASTA! BASTA!

Ao menos, lembremos o que lindamente dizia Casaldáliga “É preciso saber esperar… sabendo ao mesmo tempo forçar… as horas de extrema urgência… que não nos permite esperar…”

*Heloísa Helena atualmente é vereadora em Maceió (AL) pelo PSOL.


domingo, 17 de abril de 2011

Uma preliminar: ... o poder não muda as pessoas, apenas as revela! Ou seja, o mau-caráter obterá na política um luxuoso e exuberante espaço
para seu mau-caratismo exercitar! Um alerta: ... quem gosta de político ladrão ou se associa e usufrui das riquezas roubadas e vulgarmente exibidas por eles, não leia este artigo... ele é "agressivo" como diziam das minhas éticas posições políticas durante a campanha eleitoral!
Aqui estou eu para falar sobre um tema rotineiro - pela impunidade como se dá a repetição dos episódios - que é a tal Corrupção, que asco em quem não é bandido deveria permanentemente fomentar. A este assunto só volto por assistir estarrecida, entre outros muitos casos, a mais uma façanha de políticos alagoanos: roubar dinheiro da merenda escolar para comprar uísque e ração (... pobres cachorros que não merecem esse tipinho ordinário de donos(as)!). Revisando o que suas excelências fizeram: ... Roubaram dinheiro da merenda escolar das crianças pobres para fazer a feira de produtos caríssimos dos políticos ricos e suas curriolas. Estamos falando de crianças pobres já duramente submetidas a todas as formas de negação dos seus direitos pela indigência social e já submetidas a dolorosas formas de miséria humana... geralmente pelas mesmas mãos sujas daqueles que dinheiro público roubam!
A primeira vontade que tenho é lembrar como são encarcerados os pobres que roubam uma lata de leite ou um celular... Imaginem o que aconteceria se um pai de família pobre, de uma dessas cidades, tivesse entrado num depósito da Prefeitura pra roubar merenda... Lembram como são tratados os pobres? São jogados naquelas celas imundas de fezes e urina em chão podre e frio ou tomado pelo calor insuportável... lugar maldito onde pobres são aniquilados na sua dignidade humana pois são estuprados, violentados, arrastados pelos bandidos de "hierarquia" superior para se incorporar ao narcotráfico ou serem assassinados! E nós sabemos que parte muito importante da sociedade em geral defende esse comportamento primitivo na punição aos pobres, mas cinicamente e covardemente muda de posição e rigor metodológico quando se trata dos seus amiguinhos políticos ricos... sempre na medíocre expectativa de aqui ou acolá ser beneficiado com a patifaria política
Enquanto tudo isso acontece... a imensa riqueza roubada pelos grandes e poderosos exala e muito a fedentina política deles e mostra também nas vidas dos mais pobres os dias de desamparo e tristeza profunda porque não têm garantido pelo dinheiro público o acesso à Educação, Saúde, Moradia, Emprego, Saneamento, Segurança, Assistência Social... etc etc...
Infelizmente em nossos tempos sombrios, ainda constitui uma minoria aqueles (as) capazes de corajosamente verbalizar, se indignar ou enfrentar as estruturas em putrefação das insaciáveis gangues políticas e suas camarilhas que nunca se contentam com as imensas riquezas roubadas dos pobres. Nunca se contentam e sempre querem muito mais... como dizia Vieira, conjugam de todas as formas e modos o verbo roubar... dos uísques comprados com o roubo das merendas até a esperteza de proteger o dinheiro sujo em paraísos fiscais! Infelizmente também são muitos os políticos ladrões que se perpetuam no poder pela inocência ou ignorância de alguns e pela desprezível omissão e cumplicidade de outros pusilânimes e igualmente corruptos!
E mesmo que a lógica formal, fiscal, financeira, contábil, orçamentária mostre claramente que só enriquece na política quem é ladrão ainda teremos tempos muito difíceis pela frente no cotidiano de combate a essas súcias de vadios poderosos que continuam a manchar a honra e a dignidade da nossa querida e tão sofrida Alagoas! Devemos ao menos lutar pelo cumprimento da Lei – Código Penal – Crimes contra a Administração Pública... que diz que vai pra cadeia quem patrocina tráfico de influência, intermediação de interesse privado, exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva... no popular safadeza política! E, mesmo que a realidade implacável diga que não adianta lutar, muitos de nós continuaremos firmes caminhando feito peregrinos incansáveis que a vida impiedosamente marcou, mas não dobrou aos encantos esnobes e apodrecidos das estruturas da política e do poder!

Heloisa Helena (Partido Socialismo e Liberdade - PSOL) vereadora em Maceió (AL)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Infâmia da Intolerância contra os Vulneráveis Socialmente



Heloísa HelenaHeloísa Helena

Ao longo da minha história de vida, desde a infância pobre no interior de Alagoas, vivenciei o belo aprendizado de admirar a coragem como atributo essencial na formação do caráter da mulher e do homem. Aprendi com a vida que sem coragem não é possível ser honesto em terreno ocupado majoritariamente por bandidos, como é a política... Sem coragem não é possível ser solidário e caridoso para defender o oprimido das mãos cruéis dos que tentam aniquilar sua dignidade... Sem coragem não é possível defender a pequena e pobre criança do mundo maldito e poderoso do narcotráfico... Sem coragem não é possível defender os recursos naturais da exploração predatória e feroz da acumulação de riquezas à custa da vida das futuras gerações... Sem coragem estaremos mesmo condenados às prisões do submundo do silêncio diante de todas as formas de expressão dos reinos de dinheiro e poder!

Aprendi também que não é sinônimo de coragem e sim prova cabal da desprezível covardia humana os comportamentos de intolerância e humilhação contra os mais fracos, contra aqueles vulneráveis socialmente e massacrados pela classe social, gênero, cor da pele, orientação sexual, convicção religiosa... isso tem permitido a muitos espancar, violentar, mutilar e assassinar seres humanos. A crueldade desses métodos, dissimulados ou explícitos, tem constituído inaceitável direito por alguns de marcar pela violência imunda e cruel o corpo e a dignidade de outros com a prática que deve ser chamado de crime de racismo, homofobia, intolerância religiosa, machismo e, portanto iniqüidade contra os que pensam, vivem e amam de forma diferente dos padrões e valores hegemonicamente aceitos em nossa sociedade.

Ao longo da história da humanidade, sob a égide da intolerância, milhões de vidas humanas foram destruídas pelos preconceitos e pela tentativa de supremacia do poder material e das convicções pessoais ou espirituais de uns sobre o esmagamento da dignidade dos outros.

Na abordagem das convicções espirituais quem pode esquecer as histórias de horror patrocinadas pelo poder reinante contra mulheres e homens cristãos, templos sagrados do espírito santo que foram crucificados, queimados, destruídos... ou a indignidade contra judeus e muçulmanos e budistas e umbandistas e entre as religiões ou na vã tentativa de acabar com todas elas...experiências onde cada uma religião tenta trazer pra si a exclusividade comercial da condição de ungido por Deus ou no outro extremo, os ungidos pelo fanatismo ideológico e ateísmo que tentam ser proprietários da mente e coração de outros.

Revisitando a nossa própria história temos obrigações com a construção ao menos de uma sociedade de menos barbárie e a necessária preservação das lembranças que insistem em nos dizer: ...A ninguém é dado o direito de esquecer os terríveis colares de orelhas humanas que eram ostentados pelos caçadores de escravos ou as marcas de ferro em brasa que marcavam os negros ou os ganchos de ferro que atravessavam as costelas das negras e as penduravam para sangrar até morrer... A ninguém é permitido esquecer das pequeninas mulheres menininhas pobres que têm suas virgindades leiloadas e são estupradas pelos políticos bandidos e autoridades vagabundas de Alagoas ou em qualquer outro pedaço de terra deste planeta... ... A ninguém é concedido o poder de humilhar com palavras chulas e vulgares ou esbofetear, mutilar e assassinar alguém por sua orientação sexual ou por sua relação homoafetiva... A ninguém deverá ser possível fingir que não viu o mendigo ou morador de rua ou índio em chamas, todos assassinados porque eram o retrato da triste e angustiante miséria humana...

Quem tem realmente coragem de tentar mudar o mundo e construir uma nova sociedade de paz, ética, justiça e solidariedade não prioriza atacar covardemente os mais frágeis e vulneráveis socialmente e não ousa quebrar em pequenos fragmentos de dor e humilhação o coração daqueles que muitas vezes nem podem escolher como viver. Quem realmente quer semear generosidade e respeito em nossa tão frágil "democracia" possibilita, desde a infância em casa até as atividades educacionais e culturais em público, a compreensão ética da belíssima diversidade humana e assim usará a coragem com suas palavras de fogo e esperança inquebrantável contra os reinos podres de corrupção, violência e poder e jamais ostentará arroubos de covardia contra os mais pobres, simples e vulneráveis socialmente!

Heloísa Helena ( @_Heloisa_Helena ou heloisa.ufal@uol.com.br )

domingo, 3 de abril de 2011

O crucifixo e D. Ricardo

















Hoje, domingo para a grande e imensa maioria cristã, sobretudo, católica, “o dia que o Senhor fez para nós!”, fui à missa pela manhã na Catedral São João Batista. Já fazia um tempão que não participava de uma missa tão bonita, tão bem cantada.







O salmo de hoje rezou: “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma”. Novamente veio-me repetidas vezes à memória a frase de D. Helder Câmara: “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará, MAS QUANDO OLHO A MINHA VOLTA VEJO QUE FALTA TUDO”

“O Senhor é meu Pastor e nada me faltará” (Sl 22 /23, 1), sem sombra de dúvidas esse é o clamor mais conhecido e proferido pelo povo. No Salmo 22/23, Davi coloca esse Pastor como o próprio Deus e faz isso baseado nas experiências que o povo fez no Antigo Testamento.

Sim, o povo na região oeste clama fervorosamente: o Senhor é meu pastor e nada me faltará, mas quando olhamos para o lado, vemos que falta tudo...
FALTA DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA E/OU DO PODER; FALTA O RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS, AOS DIREITOS ELEMENTARES; FALTA UM PRESÍDIO QUE RETIRE NOSSAS IRMÃS E IRMÃOS DA SITUAÇÃO DESUMANA EM QUE SE ENCONTRAM NAS NOSSAS CADEIAS; FALTA INFRA ESTRUTURA NAS NOSSAS CIDADES; FALTA UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO DE SAÚDE QUALIFICADO, FALTA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, RESPEITO AS/AOS EDUCADORAS (ES). FALTA COMIDA NUMA REGIÃO QUE PRODUZ TANTO E ONDE MUITOS DESSES PRODUTORES ESTÃO NA SACRISTIA DE NOSSAS IGREJAS; FALTA TERRA PARA QUEM NELA QUER MORAR E TRABALHAR, NUMA REGIÃO COM TANTAS TERRAS FÉRTÉIS; FALTA O RESPEITO AO MEIO AMBIENTE; FALTA UM PROJETO QUE PENSE EM ACABAR COM A DOR DAS MENINAS E DOS MENINOS, CRIANÇAS, ADOLESCENTES EJOVENS QUE SERVEM DE MÃO DE OBRA ESCRAVA PARA O CRACK, O TRÁFICO E O NARCOTRÁFICO. FALTA AS NOSSAS AUTORIDADES, MUITAS DELAS SE DECLARAM CRISTÃS (AOS) APRENDEREM COM O CRISTO A CUMPRIREM TODA A JUSTIÇA; FALTA JUSTIÇA SOCIAL; ENFIM, FALTA TUDO!

E por que será que falta tudo ao povo que clama: O Senhor é meu pastor e nada me faltará? Com certeza porque nossas autoridades e nós também não temos permitido que Deus seja o Senhor de nossa vida, o pastor de nosso caminho.

“O Senhor é meu Pastor e nada me faltará, MAS QUANDO OLHO A MINHA VOLTA VEJO QUE FALTA TUDO” (Dom Hélder Câmara)
Pois bem, o fato de escrever este com toda essa inspiração e conotação religiosa, cristã, sobretudo, católica...
Deve-se ao ocorrido hoje no final da missa. Depois de ter incentivado as/aos fiéis para apoiar as/os professoras (es). Depois de ter de certa forma parabenizado as/os professoras (es) pela luta na/com a greve por melhores condições de trabalho, respeito a verdadeira autoridade da educação que são as/os professoras (es), melhorias na infraestrutura das nossas escolas, - tudo isso eu concordo, aprovo, apoio, afinal de contas greve ainda é um recurso revolucionário e toda greve é luta, é vitória, é legítima. Ao invés de discordamos das greves seja ela de qual categoria for, deveríamos nos questionar: Por que uma determinada categoria sente necessidade de fazer greve, de recorrer a esse recurso extremo...? Ora, ninguém faz greve, porque greve é bom ou é bonito! A greve denuncia uma desrespeito, uma exploração, que algo está errado!

Depois de ter tecido uma justa crítica a Embasa, da qual novamente eu concordo. Aonde esta teria feito uma cobrança do serviços no Salão Paroquial D. Ricardo, que praticamente não usa/gasta água de R$6000,00 reais, segundo o pároco essas informações. E aqui vale lembrar e épreciso denunciar que esta empresa está ai funcionando sem licitação, mesmo com uma lei nacional que determina que todos os serviços de saneamento básico deveria ser municipalizado até 2010. Mesmo que Barreiras já possua criada, mas não atuante uma autarquia para isso que é a SANAB. Mesmo com todas as reclamações de insatisfação e contestação dos serviços e dos valores cobrados por esta empresa, assim mesmo ela continua aí viva, reinante e imperiosa. Ora, é um absurdo que em pleno século XXI com o desenvolvimento estupendo da tecnologia, da ciência, uma cidade que é cortada por dois rios, a população ainda reclama porque não tem água em casa e os valores dos serviços sejam uma espécie de assalto.
Em 2010 eu ouvi o ex-secretário de Administração e Recursos do município na Câmara Municipal de Vereadores num evento da entidade que representa todos os prefeitos, que objetivava fazer um protesto a cerca do repasse aos municípios o ex-secretário disse que o município deixou de arrecadar 16 milhões de reais que viria da SANAB. Esse dinheiro que o município abdica hoje vai para a EMBASA.

Bem, depois de todas essas colocações feitas durante a homilia, o pároco no final da missa, me decepcionou por uma questão: Ele fez críticas ao atual Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Barreiras pelo fato deste ter retirado o crucifixo daquela “casa legislativa”. Eu nem sei se aquela casa é legislativa! Disse que era um desrespeito e mais, pelo fato daquele crucifixo ter sido doado por D. Ricardo mexia com os nossos sentimentos.
Da relevância de D. Ricardo todos nós sabemos e reconhecemos, ainda que discordemos de algumas atitudes e posturas aqui ou acolá. Pelo fato de o presidente da Câmara Municipal ter retirado o crucifixo, ele convidou e incentivou o povo a ir
aquela casa amanhã (Segunda-feira), que fossem até com o terço e água benta numa espécie de protesto silencioso. Disse que o vereador deveria se preocupar com os buracos da cidade. Aqui eu concordo com ele.
O que me deixa triste, é que nós precisamos ser responsáveis e conseqüentes socialmente. E essa incitação, esse incentivo com uma motivação religiosa soa como irresponsável e inconseqüente socialmente uma vez que a nossa Constituição Federal de 88 diz que o Estado brasileiro é laico, que a educação é laica, ambos não confessa uma religião, não professam uma fé. E a ostentação de imagens e a leitura da Bíblia em prédios públicos descaracteriza a laicidade do Estado brasileiro. Se for ter a ostentação do crucifixo, vamos ter que colocar a imagem dos orixás, dos guias, dos caboclos, vamos fazer a leitura do Corão, do Evangelho Segundo o espiritismo e etc.
A retirada do crucifixo pode soar para alguns como uma afronta, mas a sua ostentação do crucifixo e/ou da Bílblia e outros símbolos religiosos também é uma afronta, um desrespeito as/aos que não professam a fé cristã, católica, aos que são ateus ou de outras denominações religiosas.

Por outro lado, não podemos ser cegos, e deixar de dizer e reconhecer que a motivação do Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Barreiras, que porventura é “evangélico/protestante” não se deve porque este entende e aceita a laicidade do Estado, a sua atitude é justamente pelo fato dele confessar outra fé, fazer uma outra profissão de fé e o faz com a retirada do símbolo.
Considero, irresponsável e inconseqüente socialmente a incitação, o estímulo a ir a Câmara Municipal de Vereadores porque isso contribui para uma espécie de guerra religiosa, a intolerância, a intransigência... É bom que se diga, que a Presidente Dilma de forma louvável, e esta sim, sem inspiração ou motivação religiosa, retirou os símbolos religiosos do Planalto, a Bíblia e o crucifixo.
Por fim gostaria de deixar bem evidenciado que concordo com a atitude do Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Barreiras, discordo da motivação dele, quem me conhece sabe do valor, do respeito, da veneração e dos gosto que tenho as imagens sacras. Minha casa e meu quarto são cheios de imagens de santas (os), desde pequeno sempre gostei de imagens sacras, além do significado religioso, da fé e da piedade, elas são educativas, pedagógicas, didáticas... Inclusive esse meu blog tem uma expressão religiosa: Tuus Totus Maria = Completamente teu Maria! (www.tuustotuamaria.blogspot.com )
Essa é uma questão polêmica, ainda mais no Brasil que quer queira quer não é a “TERRA DE SANTA CRUZ”, ou seja, o senso religioso, o caráter religioso, seja de qual religião for é muito forte nas/nos brasileiras (os), é quase inerente as/aos brasileiras (os). Todos se lembram da última campanha eleitoral, em que a candidata e o candidato foram obrigados assumir posturas e compromissos em virtude das denominações religiosas.

Claudio Roberto de Jesus