segunda-feira, 29 de março de 2010

O passeio eleitoral da candidata de Lula

Para encurtar a história, é bom todo mundo saber que a candidata do presidente conta com o apoio sincero das grandes corporações estrangeiras, transnacionais e de todos os investidores do mundo que apostam no desenvolvimento do Brasil.

Por Hamilton Octavio de Souza


A campanha eleitoral de 2010 já está nas ruas. Pelo menos a presidencial, mais atraente do que as dos governos estaduais e as legislativas – para deputados e senadores. Claro que o processo demanda articulações, combinações partidárias, acordos de correntes e de grupos oligárquicos. Em dois ou três meses o quadro todo estará definido, embora já se tenha um panorama bem próximo do que vai acontecer. Salvo, é claro, que apareça alguma zebra, o que tem sido cada vez mais raro no esquemático jogo de forças da política brasileira.

Tudo indica que a candidata do presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff, vai levar de goleada, vai dar um passeio tranquilo e sem maiores surpresas. Não há nada que indique sobressaltos. Afinal, ela é ministra de um governo aprovado pela grande maioria, que vai de gregos a troianos, e foi indicada por um presidente que é quase unanimidade nacional e internacional. Ele não é “o cara”? Portanto, não há maiores resistências à vista, desde a faixa da miséria até a fina flor da elite empresarial, desde o interior mais escondidinho do nordeste até o mais exuberante edifício da Avenida Paulista.


Os petistas, mesmo que não tenham participado ativamente da escolha da candidata, a aceitaram com naturalidade, entenderam logo que têm nas mãos um trunfo espetacular, uma possibilidade de ouro como nunca antes aconteceu no Brasil. Por isso mesmo, a militância não precisa ficar tensa, nem de longe perder o sono. Pode confiar, com tranquilidade, que a eleição está garantida, o Brasil continuará no mesmo rumo, e o que foi consolidado até hoje será fielmente preservado, não haverá nenhum retrocesso.


Ninguém precisa ser um Bolivar Lamounier para analisar os fatos que sustentam essa convicção. Não se trata de prepotência ou bravata dos grupos dominantes. O que manda mesmo é a voz do povo e a força de todos aqueles que contribuem para a construção da candidatura e que influenciam decisivamente no resultado das eleições. Basta lembrar que a base parlamentar do atual governo é muito ampla, consistente e diversificada, vai desde o PT e o PCdoB até o PTB do Roberto Jefferson e o PP do Paulo Maluf, vai desde gente muito decente até os mais corruptos e atrasados caciques do coronelismo.

As pesquisas indicam – sem qualquer vacilação – que a força do presidente Lula no norte-nordeste brasileiro é imbatível, em parte porque é lá que está concentrada a massa do Bolsa-Família, que não tem condição de sobrevivência sem o programa governamental; em parte por causa das muitas obras de grande valor econômico, como a transposição do Rio São Francisco, a construção da hidrelétrica de Belo Monte e tantas outras; e em parte porque as alianças com as principais lideranças dessas regiões, como José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho (e tantos outros), devidamente fortalecidas, asseguram um bom desempenho no jogo eleitoral.


É preciso considerar, também, a força das classes trabalhadoras, de todos aqueles que produzem a riqueza e que participam do desenvolvimento sem maiores conflitos com o sistema, na medida em que integram a base de apoio do governo. Salvo algum engano, as principais centrais sindicais devem apoiar a candidata do presidente, mesmo que não venha a ser aprovada a redução da jornada de trabalho para 40 horas e nem a mudança no cálculo das aposentadorias. Espera-se, inclusive que as centrais ajudem a campanha oficial sem tumultuar a governabilidade e sem exigências que possam causar algum embaraço eleitoral junto aos setores empresariais. Proposta estatizante, nem pensar.

Por falar no empresariado, é bom que se diga: ninguém deve se preocupar. A turma do capital está feliz da vida, já que, apesar da crise econômica mundial, o governo brasileiro tem sido extremamente generoso, deu para eles o apoio máximo do Estado, dinheiro farto do BNDES (com juro de pai para filho), isenções de impostos, reescalonamento de dívida, enfim, todo aquele gás que tem girado a roda do capitalismo, contribuído para aumentar o lucro, acumular riquezas, concentrar patrimônios e poderes. Assim, a candidata do presidente pode ficar mais do que sossegada. Não haverá nenhuma debandada empresarial, muito menos da Vale, Gerdau, Votorantim, Camargo Correa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e tantas outras. Entre os banqueiros, igualmente, todos estarão unidos nessa mesma caminhada rumo a novos recordes de lucros. A campanha pode contar, desde já, com a força do Bradesco, Itaú, Santander etc.


Para encurtar a história, é bom todo mundo saber que a candidata do presidente conta com o apoio sincero das grandes corporações estrangeiras, transnacionais e de todos os investidores do mundo que apostam no desenvolvimento do Brasil. Eles não têm do que reclamar, pois aprenderam a confiar na gestão de Henrique Meirelles no Banco Central e nas relações com os grupos políticos e econômicos que atuam no atual governo. Para eles, não se deve mexer em time que está vencendo, especialmente quando protege tão bem os investidores. Não é surpresa também que até mesmo o governo dos Estados Unidos, normalmente tão hostil com os povos da América Latina, esteja torcendo pela candidata do “cara” – afinal, desde os tempos do “companheiro” Bush que o Brasil tem sido um excelente parceiro do irmão do norte. Essa relação fraternal vai continuar.


Enfim, considerados os diferentes argumentos, não há porque duvidar de que a eleição será mesmo um passeio para a candidatura oficial. Antes que se esqueça, é preciso colocar algumas linhas sobre a oposição: a da direita, constituída basicamente pelo DEM e PSDB, é algo ridículo, sem expressão popular, perdeu o eixo junto com a derrocada do fundamentalismo neoliberal, está mais esclerosada que o seu maior guru – o ex-presidente FHC. Não vai ameaçar eleitoralmente ninguém, mesmo porque tem em suas fileiras alguns lulistas de carteirinha, entre eles o governador mineiro Aécio Neves. As demais filiais da direita nasceram sem bandeiras e tendem a ficar sem eleitores. Nem mais a poderosa FIESP quer saber da tucanalhada.

Dividida, a esquerda vive em esquizofrenia. Uma parte acha que vale a pena apostar na candidata do presidente, insistir nessa composição esdrúxula que tem fortalecido o capital e as oligarquias, assegurar espaço institucional sem maiores transformações. Em curto prazo tal opção representa a sobrevivência política de cada um, mas no longo prazo pode ser apenas a perpetuação do modelo. Outra parte da esquerda ainda tateia na construção de alternativas – não somente eleitoral, partidária e política, mas fundamentalmente de projeto de Nação.


Essa divisão no campo da esquerda deixa claro que não será desta vez que o povo brasileiro emplacará um presidente realmente comprometido com o programa popular, democrático e socializante. Assim, os apoiadores da ministra podem ficar bem mais tranquilos, porque a esquerda que está fora do bloco governamental não representa a menor ameaça à candidatura dela. De jeito nenhum. A eleição da ministra Dilma Rousseff está mais do que garantida. São favas contadas. O Brasil continuará no mesmo rumo. Todos podem agora dormir serenamente. A não ser que, num passe mágico, as pessoas acordem da letargia.

Hamilton Octavio de Souza é jornalista, editor da revista Caros Amigos e professor da PUC-SP

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sábado, 20 de março de 2010

Fora o George Washington das águas brasileiras

Por Chico Alencar em Maio de 2008
Houve tempo em que a presença de uma nave bélica dos Estados Unidos da América fundeada em nossas águas territoriais provocava toda sorte de protestos, pois simbolizavam - e, creio, ainda simbolizam - o poder imperial de quem, desde a doutrina do big stick de Teodoro Roosevelt, tem se notabilizado pela ingerência e violência contra os povos que lutam por sua liberdade.Houve tempo em que naus estadunidenses aqui estiveram para dar cobertura a um golpe militar (Operação Brother Sam) que infelicitou nosso país durante mais de 21 anos.
Sou do tempo em que se queimava a bandeira dos EUA não para afrontar seu povo, mas para protestar contra governos que estiveram por trás das ditaduras militares – e que, recentemente, tentam impor sua pax americana aos povos do Iraque e do Afeganistão.
Por isso, saber que está fundeada em nosso mar territorial a belonave mais poderosa da armada mais poderosa do mundo, com todo o seu arsenal de armas nucleares, helicópteros, bombardeiros, causa mais repulsa e estranheza. Estranheza porque se trata de uma operação de exercícios navais na qual participa o nosso país, ao lado da Argentina, com o nosso vizinho do Norte. Estranheza porque o comandante estadunidense, almirante Cullom, diz que a presença do "George Washington" traz uma mensagem política: "a de união entre os países que são responsáveis pela segurança da região", colocando o Brasil numa posição subalterna de auxiliar do país que se pretende xerife do universo.
Estranheza, porque, nesse momento, a não ser a voz solitária do Secretário do Ambiente do meu estado, Carlos Minc, não tenha ouvido nem lido nenhuma palavra de protesto ou de estranheza quanto a esse fato.
Onde estão os "patriotas" que, aparentemente preocupados com nossas fronteiras, se insurgiram contra a demarcação de terras indígenas em Roraima? Que são dos nacionalistas que reclamam contra a posição do novo presidente do Paraguai, que quer uma revisão do tratado de Itaipu? São valentes contra índios e paraguaios, e covardes diante do poderio da águia americana? Ou é um patriotismo de ocasião que fecha os olhos à nossa posição de subalternidade frente ao império? É por isso que apresentamos requerimento solicitando aos Ministros de Estado do Ministério da Justiça, do Ministério da Defesa e do Ministério das Relações Exteriores, informações relativas à presença do porta-aviões USS George Washington - CVN 73 em águas territoriais brasileiras, no que tange: a) à autoridade que liberou a presença do referido porta-aviões em águas brasileiras e a base legal da referida autorização; b) ao tempo em que o porta-aviões permanecerá e território brasileiro, c) às informações de quantitativos de armas existentes no porta-aviões, inclusive de armas atômicas e da realização de aferição, pela autoridade brasileira, das informações prestadas pelo comandante do referido porta-aviões; d) à constitucionalidade das atividades que serão desenvolvidas em território brasileiro pelo referido porta-aviões; e) às medidas de segurança nacional adotadas, inclusive as relativas à preservação do meio-ambiente em razão de eventual vazamento de carga radioativa. Nosso requerimento se justifica, fundamentalmente, nos termos da Constituição Federal, tanto em seu art. 21, inciso XXIII, alínea "a", quando expressamente dispõe que "toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional", como pelo art. 4º., que estabelece, dentre os princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil, estão: IV - a não- intervenção; VI - a defesa da paz; e VII - a solução pacífica dos conflitos.
Abaixo o imperialismo de George W. Bush. Fora o George Washington das águas brasileiras.

Chico Alencar é professor de História e deputado federal (PSOL-RJ).
CORREIO CAROS AMIGOS
A PRIMEIRA À ESQUERDA

quarta-feira, 17 de março de 2010

As Veias Abertas do Haiti: defender o Haiti é defender todos nós. (Celi Taffarel)

Camaradas segue texto da profesora Celi, militante do PT. Ele está disponível no site: link - boletim CEPEHU www.cepehu.com.br

“....Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez...”
(Proclamação Insurrencial da Junta Tuitiva na cidade de La Paz, em 16 de junho de 1809. In: GALEANO, Eduardo. Veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979.)

O Ano de 2010 iniciou de maneira drástica com o terremoto ocorrido no Haiti no dia 12 de janeiro, anunciando a vulnerabilidade da vida humana no planeta. Desta vez a catástrofe nos chega pela força da natureza que segue seu curso conhecido pela humanidade, visto que a ciência é capaz de explicar o que aconteceu, acontece e poderá acontecer com um planeta ainda em acomodação, um planeta sujeito a devastação determinada pelo modo de produção capitalista. A ciência é capaz de explicar a tragédia e o que ela revela, a saber, um país golpeado em sua soberania. A Ciência negada, usurpada e vilipendiada pelos imperialistas que não permitiram e não permitem a uma nação como o Haiti, construir seu próprio lastro educacional, científico e tecnológico que pode contribuir, SIM, para evitar as conseqüências drásticas de uma catástrofe natural previsível, como a ocorrida recentemente no Haiti e que ceifou aproximadamente 150 mil vidas humanas.
O Haiti vem sendo sangrado há séculos. Eduardo Galeano ao descrever a sangria das Américas pelos colonizadores e imperialistas apresenta dados sobre as sucessivas explorações, em grande escala a que foram sujeitos os países das Américas do Sul e Central – os países do Caribe como Barbados, Jamaica, Haiti, Guadalupe, Cuba, Dominicana, Porto Rico. Nestes países ocorreram brutais regimes escravocratas, ditaduras militares, as terras foram devastadas, para saciar a sede dos gananciosos imperialistas.
Já em 1791 eclodia no Haiti a revolução pela independência do jugo colonial Francês. A guerra pela libertação custou rios de sangue e devastação. A revolução Haitiana coincidiu com a revolução Francesa. Como nos relata Galeano (1976, 14º p. 78) “o Haiti sofreu, também, na própria carne”, o bloqueio imperialista. Cedendo a pressão francesa o Congresso dos Estados Unidos proibiu o comércio com o Haiti em 1806. Em 1825, a França teve que reconhecer a independência de sua antiga Colônia, mas em troca de uma gigantesca indenização em dinheiro. Esta indenização em dinheiro tornou-se segundo Galeano, “uma pedra esmagadora sobre as costas dos haitianos independentes que haviam sobrevivido ao banho de sangue das sucessivas expedições militares enviadas contra eles”. Um dos países mais ricos da América Central, o primeiro a proclamar a libertação dos escravos e sua independência, foi submetido a sucessivas ditaduras e condenado a ruínas, com apoio dos imperialistas. O Haiti não se recuperou jamais: hoje é o mais pobre e arrasado das Américas. Suas veias continuam sangrando. Um povo, que promoveu a única revolução de escravos vitoriosa na história da humanidade, que derrotou o imperialismo francês, inglês e o norte americano em inúmeros levantes e enfrentamentos continua sendo "punido" historicamente pela sua história e tradição de luta.
Para Luis Suarez Salazar (2006, p. 01-17), autor do livro “Madre América: Un siglo de violência y dolor (1898-1989)”. Habana, Cuba. Editorial de Ciências Sociales. 2006, os mais recentes cinco séculos da história latinoamericana e caribenha bem poderiam definir-se como quinhentos anos de solidão, de amargura, de injustiças, violência e dor demonstrados por inúmeros fatos e acontecimentos que foram por ele arrolados em seu livro.
Ainda hoje a presença das tropas de ocupação da ONU - MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti) não conseguem garantir a segurança e continua sendo aplicado ao Haiti a política do imperialismo, em uma verdadeira desestabilização do país. A presença das tropas da ONU é mais um entrave para a organização popular, sindical e da juventude, protegendo os interesses dos capitalistas, imperialistas, das empresas privadas, os quais são responsáveis pela exploração do povo haitiano há séculos.
Em setembro 2009 a partir do chamado da Conferência « Defender o Haiti é defender a nós mesmos » realizada em dezembro de 2008, cuja bandeira é a Retirada Imediata das Tropas da Minustah, uma Comissão Internacional de Investigação esteve reunida em Porto Príncipe para averiguar a situação do Haiti. A Comissão Internacional, patrocinada pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano, era formada por delegados de vários países. No Haiti, a atividade foi organizada por uma Comissão da qual faziam parte: MODEP (Guy Numa), CATH Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti (Fignole St. Cyr), ADFENTRAH Associação de Mulheres da CATH (Julie Genelus), CTSP Central dos Trabalhadores do Serviço Publico (Raphael Dukens), UNNOH (Josue Merilien), Anten Ouvriye (Reyneld Sanon), RONA (Georgie Desire) e CHANDEL (Jean Petit Derinx e Jackson Doliscar) junto com a ATPC (Associação dos Trabalhadores e Povos do Caribe). A Comissão Internacional de Investigação se concentrou em três objetivos: 1) Investigar a situação do Haiti, especialmente sobre a realidade da classe trabalhadora e os abusos das forças de ocupação da ONU; 2) Produzir um relatório sobre esta realidade e denunciar nacionalmente e internacionalmente; 3) Provar que a Minustah é uma força de ocupação que, portanto, deve sair imediatamente do território. Após ouvir dezenas de testemunhos de indivíduos e de associações, sindicatos e organizações políticas e de sistematizar material fornecido pelas entidades haitianas, tais como noticias publicadas em jornais (Haiti Liberte, The Nouveliste, entre outros), fotografias e relatórios (Acordo entre a ONU e o Governo haitiano sobre o status da operação das Nações Unidas no Haiti – 09/07/2004; Declaração da Terceira Conferência das ATPC, além de ter feito visitas in loco, a Comissão concluiu que a presença da Minustah afeta o país nos seguintes aspectos: 1 – Social : condições de trabalho, situação dos direitos sindicais, desemprego, violência contra as mulheres, assassinatos, etc; 2 – Econômico : exploração dos trabalhadores, reforço do desequilíbrio e da dependência econômica, etc; 3 – Político : perda da soberania nacional, atentado a liberdade de imprensa, prisões arbitrárias e desaparecimentos, repressão a manifestações populares, etc. A Comissão conclui que: - Nos termos do Capítulo 7 da Carta da ONU, uma intervenção militar somente pode ser justificada em caso de : Guerra Civil, Catástrofe natural, Crime contra a humanidade ou Genocídio.
Torna-se vital, portanto, para estancar a hemorragia que sofre o Haiti, que lhe seja restituída a plena soberania, com o fim das ocupações. Que seja anulada imediatamente a dívida externa impagável que pesa sobre o povo haitiano. Que todos os países do mundo abram suas fronteiras para os cidadãos haitianos. E que a solidariedade internacional seja expressa no que realmente é necessidade ao povo haitiano que são médicos, enfermeiros, educadores, engenheiros.
OBS: A autora que é militante do Partido dos Trabalhadores só esqueceu de dizer que o Brasil lidera as tropas intitulada como Força de Paz no Haiti. Mesmo todos os Movimentos Sociais exigindo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a retirada dessas tropas do Haiti.

segunda-feira, 15 de março de 2010

BIG BROTHER BRASIL, UM PROGRAMA IMBECIL


Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’..

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude..

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2010.

* * *

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher: Qual a origem deste dia?

Sempre se ouve falar de que o 08 de Março surgiu como Dia Internacional da Mulher em homenagem às 129 operárias que teriam sido queimadas vivas pelos patrões, dentro de uma fábrica, durante uma greve em Nova Iorque , em 1857.
Mas, há mais de 40 anos há controvérsias acerca da origem do Dia Internacional da Mulher.
Em 1984 a pesquisadora canadense, Renée Côté, publicou um livro intitulado: O Dia Internacional da Mulher – Os verdadeiros fatos e datas das misteriosas origens do 8 de março, até hoje confusas, maquiadas e esquecidas.
Na França, o jornal nº 0, de 8 de março de 1977, História d´Elas, publicado em Paris, alerta para a mistura de datas e diz que, em longas pesquisas, nada se encontrou sobre a famosa greve de Nova Iorque, em 1857.
No Brasil, em 2003, a professora da Universidade Federal do Ceará, Dolores Farias, baseada na pesquisa de Renée Côté publicou um artigo nos jornais “O Povo” e “Brasil de Fato” que causou muita surpresa e indignação.
Além dos estudos de Renée Côté, existem outras publicações que vão na mesma linha, tais como: “8 de Março: Conquistas e Controvérsias” de Eva A. Blay, de 1999; “O Mito das Origens: sobre o Dia Internacional da Mulher”, de Liliane Kandel, de 1982; “8 de Março, Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida”, da Sempreviva Organização Feminista (SOF), de 2000.
Durante 10 anos, a canadense Renée Côté pesquisou em todos os arquivos da Europa, EUA e Canadá e não encontrou nenhuma referência à greve de 1857 nos jornais da grande imprensa nem em qualquer outra fonte de memórias das lutas operárias daquela época. Segundo a autora “essa greve nunca existiu. É um mito criado por causa da confusão com as greves de 1910; de 1911, nos EUA; e 1917, na Rússia”.
Coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), Vito Gianotti nos brindou com um trabalho muito interessante acerca do tema, intitulado “O Dia da Mulher nasceu das mulheres socialistas”. Ele afirma que “essa confusão se deu por motivos históricos, políticos, ideológicos e psicológicos” e que o que houve foi uma mistura desta greve fictícia de 1857 com uma greve real que começou em 20 de novembro de 1909. Segundo ele, Renée Cote em seu livro, “prova por a+b, ao longo de 240 páginas, que as certezas criadas nos anos de 1960, 70 e 80 pelos movimentos feministas, a respeito do surgimento do 8 de Março, são pura ficção. Ela derruba um mito caro às mulheres feministas, que tanto penaram para afirmar esta data”.
Para ele “o livro acabou caindo no esquecimento porque é mais fácil aceitar versões já consolidadas de histórias, caras às nossas vidas, do que questionar mitos estabelecidos”. E vai além, afirma que outro fator determinante para que o livro da autora canadense caísse no limbo foi o fato dela deixar “transparecer, o tempo todo, sua visão favorável à autonomia dos movimentos sociais frente aos partidos e mostra uma prevenção à própria idéia de partido político”. Gianotti afirma que “o livro se insere no grande leito de luta autonomista, típica dos movimentos de esquerda dos anos 70. Isto cria uma animosidade com muitos setores da esquerda mais influente, que poderiam divulgar sua obra”. E diz que a questão-chave é “ver por quê, no mundo bipolar da Guerra Fria dos anos 60 do século passado, os dois blocos em disputa aceitaram a versão de uma greve de mulheres, em 1857, nos EUA, e esqueceram uma outra greve de mulheres, em 1917, na Rússia”. E conclui: “Os motivos são mais políticos que psicológicos”.
Ele descreve muito bem o clima vivido nos anos 60, 70 e 80. Fala do surgimento do Dia Internacional das Mulheres Socialistas e diz acerca do 08 de março: “a partir de 1980, o mundo todo contará esta história acreditando ser verdadeira. Aparecerá até um pano de cor lilás, que as mulheres estariam tecendo antes da greve. Daquela greve que não existiu. A mitologia nasce assim. Cada contador acrescenta um pouquinho. “Quem conta um conto aumenta um ponto”, diz nosso ditado”. E questiona, “Por que não vermelho? Porque vermelhas eram as bandeiras das mulheres da Internacional. Vermelhas eram as bandeiras de Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai, delegadas dos seus partidos, à 1ª Conferência das Mulheres Socialistas, em 1907; e da 2ª, na Dinamarca, em 1910. Nesta última foi decidido que as delegadas, nos seus países, deveriam comemorar o Dia da Mulher Socialista”.
Para corroborar suas afirmações, Gianotti fala acerca da comemoração do Dia da Mulher no Mundo…
Europa - A Primeira comemoração do Dia Socialista das Mulheres na Europa, aconteceu em 19 de março de 1911, proposto por Alexandra Kollontai, “para lembrar um levante de mulheres proletárias, na Prússia, em 19 de março de 1848. Nesse dia, escreveu Kollontai, as mulheres conseguiram do rei da Prússia a promessa, depois não cumprida, de obter direito de voto”.
EUA – a tradição era realizar o Dia da Mulher no último domingo de fevereiro, como ocorreu em 1911, 1912 e 1913. Em 1914, seguindo a indicação de Kollontai, foi comemorado em 19 de março.
Suécia e Itália – a primeira comemoração foi em 1º de março de 1911.
França e Alemanha – a primeira comemoração do Dia da Mulher foi no dia 09 de março de 1914.
“Em 1914, pela primeira vez, na Alemanha, Clara Zetkin e as mulheres socialistas marcam data do Dia da Mulher para 8 de março. Não se explicou o porquê dessa data, pois não precisava. Era um detalhe sem interesse. A data era totalmente indiferente. Tinha que ser qualquer dia. Importante era a realização do dia”.
Rússia – devido à opressão do czar, o primeiro Dia da Mulher só foi comemorado em 3 de março de 1913. Em 1914 não houve comemoração, pois todas as organizadoras do Dia da Mulher foram presas.
Em 1917, as mulheres socialistas realizaram seu Dia da Mulher no dia 23 de fevereiro, pelo calendário russo, que no calendário ocidental correspondia ao dia 8 de Março. Nesse dia explodiu a greve espontânea das tecelãs e costureiras de Petrogrado que, contrariando a decisão do Partido, saíram às ruas em manifestação por pão e paz. “Foi o estopim do começo da primeira fase da Revolução Russa, conhecida depois como a Revolução de Fevereiro”. Leon Trotsky e Alexandra Kollontai, membros do Comitê Central do Partido Operário Socialdemocrata Russo, escreveram: "O dia das operárias, 8 de Março, foi uma data memorável na história. Nesse dia as mulheres russas levantaram a tocha da revolução."
“Em 1921, realizou-se, em Moscou, na URSS, a Conferência das Mulheres Comunistas que adota o dia 8 de Março como data unificada do Dia Internacional das Operárias. A partir dessa Conferência, a 3ª Internacional, recém-criada, espalhará a data 8 de Março como data das comemorações da luta das mulheres”.
Gianotti refere-se ao 08 de março como um dia esquecido e depois reinventado e diz: nos primeiros anos da Rússia comunista, o dia 8 de Março era comemorado todo ano, como o Dia Internacional da Mulher Comunista. Mas, aos poucos, foi se “perdendo o interesse e o adjetivo comunista foi caindo à medida que o ímpeto revolucionário da União Soviética começou a se arrefecer”. No final da década de 20 e nos anos 30, “o Dia Internacional da Mulher, seja comunista ou socialista, se perderá na tormenta que se abateu sobre o mundo. A ascensão do nazismo na Alemanha, o triunfo do stalinismo na URSS e o declínio da socialdemocracia na Europa e o vendaval da 2ª Guerra Mundial enterram as manifestações do Dia das Mulheres”.
O coordenador do NPC afirma que “fora dos países comunistas, no Ocidente, a humanidade só voltará a falar do Dia da Mulher, no final dos anos 60. Nesse lapso de tempo, o marco do 8 de Março, data da greve das operárias de Petrogrado, de 1917, foi esquecido. A data da vitória das revolucionárias rebeldes russas, que impôs a derrota do absolutismo do Czar e deslanchou a Revolução Russa, não interessava aos comunistas do mundo todo. Estes, quase todos, viviam anestesiados pelos encantos ou pelo terror stalinista. Retornar a lembrança daquele 8 de Março das operárias revolucionárias de Petrogrado também não interessava à Socialdemocracia, rejuvenescida após a destruição da Segunda Guerra Mundial e em conflito aberto com o comunismo dos países do bloco soviético”.
Em seu artigo, Gianotti afirma que, “neste clima, propício ao esquecimento da verdadeira história do Dia da Mulher, já na década de 1950, nas publicações do Partido Comunista, na França, se começou a falar de uma forte luta das operárias americanas, em 8 de março de 1857. Talvez, a famosíssima greve do 1º de Maio, na Chicago de 1886 e as numerosas greves nas tecelagens americanas estimularam as fantasias e levaram a enfatizar a participação dos Estados Unidos na luta da mulher, o que favoreceu esta confusão de datas” E diz “… foi assim, sem precisar de uma conspiração organizada por um suposto império do mal, que na Alemanha Oriental, em 1966, a Federação das Mulheres Comunistas noticiou a história do Dia da Mulher, enriquecida com o martírio das 129 queimadas vivas”.
E mais: foi “sem nenhuma deliberação conspiratória, que o mito que acabava de ser criado, em 1966, no Leste Europeu, começou a ser divulgado e foi depois enriquecido fartamente, nos EUA do final dos anos 60 e em todo o mundo ocidental. Depois disso, era só enriquecer o mito. O que foi feito, até sua cristalização em 1975, com a ONU e logo depois com a Unesco, em 1977” .
Gianotti termina seu trabalho com afirmações muito fortes, enaltecendo a luta das mulheres e defendendo a derrubada do mito do 08 de março.
Ele afirma:
1. Que o Dia Internacional da Mulher é uma data muito rica que não precisa de mitos;
2. Que derrubar o mito de origem da data 8 de Março não implica desvalorizar o significado histórico que este adquiriu. Muito pelo contrário!
E mais, significa retomar:
• A verdade dos fatos que são suficientemente ricos de significado e que carregam toda a luta da mulher no caminho da sua libertação;
• Enriquecer a comemoração desse dia com a retomada de seu sentido original;
• Voltar às origens do ideal socialista da maioria das mulheres que lutavam por um mundo novo sem exploração e opressão do homem pelo homem e especificamente da mulher pelo homem;
• Integrar todos os novos e importantíssimos aspectos da luta da libertação da mulher, descobertos com a evolução histórica da humanidade no século XX, com a retomada de suas raízes socialistas;
• Integrar à clássica luta libertária, socialista e comunista do começo do século XX, as contribuições de diferentes linhas de pensamento e países, que vão de Wilhem Reich a Simone de Beauvoir, de Herbert Marcuse a Samora Machel, de Betty Friedann a Rose Marie Muraro.
• Integrar toda a luta do feminismo para construir uma sociedade onde a mulher seja reconhecida como gente;
• Integrar estas elaborações teóricas com as lutas e as experiências de vida de milhares de ativistas, militantes e organizadoras da luta das mulheres, no mundo inteiro: das guerrilheiras latino-americanas, às mulheres vietnamitas, das trabalhadoras das fábricas às plantadoras de arroz da Índia, das Mães dos desaparecidos argentinos às lutadoras pela reforma agrária do MST.
Para ele, a luta das mulheres, é “uma longa luta sem medo da felicidade, sem medo do prazer. Sem medo de lutar por uma revolução, que deverá ser social, sexual, e profundamente cultural. Sem medo de levantar as bandeiras vermelhas da luta pela libertação da humanidade. A libertação de homens e mulheres”
Vitória, Março/2010
Lujan Miranda
Da Coordenação Nacional da Intersindical e da Direção Nacional do PSOL

quarta-feira, 3 de março de 2010

País só cumpre 33% de metas de educação

São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2010
País só cumpre 33% de metas de educação
Relatório mostra que ainda há alta repetência, a taxa de universitários é baixa e o acesso à educação infantil está longe do proposto
Estudo de pesquisadores de universidades federais abrange o período de 2001 a 2008, incluindo dois anos de governo FHC e seis de Lula
ANGELA PINHO
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto petistas e tucanos fazem alarde dos seus feitos na educação, um dos levantamentos mais abrangentes já realizados sobre a última década revela que os avanços na área foram insuficientes. Apenas 33%das 294 metas do Plano Nacional de Educação, criado por lei em 2001, foram cumpridas.Relatório obtido pela Folha, feito sob encomenda para o Ministério da Educação, aponta alta repetência, baixa taxa de universitários –apesar dos programas criados nos últimos anos- e acesso à educação infantillonge do proposto. O estudo, que abrange o período de 2001 a 2008, foi feito por pesquisadores de universidades federais, com apoio do Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC). O plano foi criado com o objetivo de implantar uma política de Estado para a educação que sobrevivesse às mudanças de governo. As metas presentes nele são de responsabilidade dos três entes federados, mas municípios têm mais atribuição pela educação infantil e fundamental; Estados, pelo ensino médio; e a União, pela articulação de políticas.O estudo traz indicadores relativos ao período de 2001 a 2008 –dois anos de governo FHC e seis de Lula. Para muitas metas, não há nem sequer indicador que permita o acompanhamento da execução. Em outros casos, em que há indicadores claros, há um longo caminho pela frente. A educação infantil é um exemplo. O plano previa que 50% das crianças de 0 a 3 anos estivessem matriculadas em creches até 2010. É o que a faxineira Adriana França dos Reis, 32, desejava para sua filha, que chegou aos quatro anos sem conseguir vaga. "Quanto mais cedo ela entrar na escola, sei que mais longe ela vai chegar", diz. Segundo o IBGE, só 18,1% das crianças deaté três anos estavam em creches em 2008. Já o ensino fundamental foi quase universalizado e aumentou de oitopara nove anos. No ensino médio, o obstáculo é já no atendimento. Na faixa etária considerada adequada para a etapa (15 a 17 anos), 16% estão fora da escola. Na educação superior, o plano estabelecia uma meta de 30% dosjovens na universidade. Em 2008, o índice estava em 13,7%. O objetivo número um na educação de jovens e adultos, a erradicação do analfabetismo, está longe de ser alcançado. O Brasil ainda tem 14milhões de pessoas de 15 anos ou mais que não sabem escrever. Para João Oliveira, professor da UFG (Universidade Federal de Goiás) e um dos responsáveis pela pesquisa, uma das principais causas dosproblemas na execução do PNE foi o veto à meta que previa um aumento expressivo nos recursos destinados à educação: 7% do PIB em educação até 2010. Prevista na proposta aprovada no Congresso, foi vetada por FHC, que terminou seu mandato com um investimento de 4,8%. A decisão do tucano foi duramente criticada por petistas, que, em 2007 (dado mais recente disponível), já no poder, tinham aumentado o percentual apenas para5,1%.Sem financiamento, diz Oliveira, o plano acabou perdendo força, pois impôs deveres aos governos sem viabilizar recursos para o cumprimento deles.
--Prof. Antonio Santos Oliveira Fo., Msc Inst Federal Educação Tecnlgc BahiaDepto. IV - Cord. Eletrônica
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terça-feira, 2 de março de 2010

A perversão farmacêutica

Os vários negócios de uma indústria poderosa e lucrativa que se alimenta na reprodução de uma sociedade hipermedicada.
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Por Ari de Oliveira Zenha

A toda poderosa indústria farmacêutica adquiriu ao longo do desenvolvimento do capitalismo uma força e importância incalculável para a sociedade mundial.

Seu poder tanto político e econômico é avassalador, pois sua atividade está ligada a uma das necessidades básicas dos seres humanos, a saúde, ou seja, a superação das doenças e dos males que afetam as pessoas.

Os laboratórios farmacêuticos cujas sedes estão localizadas nos Estados Unidos e na Europa tentam garantir, a todo custo, e, ai vale qualquer artifício, seus lucros, que são gigantescos, de qualquer forma.

A indústria farmacêutica atua no mundo de forma desumana e cruel. Ela tem pautado suas atuações como um setor de produção qualquer, ou seja, a procura de todas as formas de lucro, de acumulação, se inserindo, assim como um dos setores produtivos – entre milhares – que compõe a estrutura do modo de produção capitalista.

A produção de medicamentos se tornou um negocio como outro qualquer, como produzir sapatos, automóveis e outros bens de consumo, o que prevalece é a busca de lucros cada vez maiores, não importando que para isso ela tenha que subornar colocar centenas de lobistas no Congresso dos países, de deixar de fabricar determinados medicamentos que não são rentáveis, não investirem quase nada em Pesquisa e Desenvolvimento de novos remédios, pois isto requer anos de pesquisa e muitas vezes levam ao fracasso, ou seja, os investimentos numa nova droga – medicamento – podem levar a nada. Isto faz com que essas empresas aleguem que tenham altos custos para a produção de medicamentos que salvam vidas, e ai, mora uma grande jogada destas indústrias, elas recebem elevados subsídios dos governos e, além disso, usam para justificar os altos preços dos seus medicamentos alegando que atuam na Pesquisa e Desenvolvimento de novos remédios. Mas na verdade elas aplicam enormes recursos financeiros em marketing e em maquiar os antigos medicamentos, em patrocinar congressos e conferências médicas, em “visitas” aos consultórios médicos e na distribuição de amostras grátis.

Quem já não viu os representantes dos laboratórios, muito bem vestidos, muito bem treinados, que constantemente estão às portas dos consultórios médicos e clínicas médicas passando “informação” sobre algum “novo” medicamento?

A médica norte-americana Márcia Angell esclarece as artimanhas e as atividades que este setor – farmacêutico – realiza notadamente nos Estados Unidos e que se alastra para todo o planeta. Segundo Angell “... Tornamos-nos uma sociedade hipermedicada. Os médicos infelizmente foram muito bem treinados pela indústria farmacêutica, e o que aprenderam foi a pegar o bloco de receituário. Acrescente-se a isso o fato de que a maioria dos médicos está muito pressionada em termos de tempo, em decorrência das exigências das administradoras de planos de saúde, e podem pegar aquele bloco com grande rapidez. Os pacientes também aprenderam muito com os anúncios da indústria farmacêutica. Eles aprenderam que, a não ser que saiam do consultório médico com uma prescrição, o médico não está fazendo um bom trabalho. O resultado é que gente demais acaba por tomar medicamentos quando pode haver modos melhores de lidar com seus problemas. Mais serio é o fato de que muitos de nós estamos tomando muitos medicamentos ao mesmo tempo – freqüentemente cinco, talvez dez, ou até mais. Essa prática é denominada “polimedicação” e traz consigo riscos reais. O problema é que muito poucos medicamentos têm apenas um efeito. Além do efeito desejado, há outros. Alguns são efeitos colaterais que os médicos conhecem, mas pode haver outros dos quais não tenham conhecimento. Quando vários medicamentos são tomados de uma vez, esses outros efeitos se somam. Pode haver também a interação medicamentosa, na qual um medicamento bloqueia a ação de outro ou retarda seu metabolismo, de modo que sua ação e seus efeitos colaterais são aumentados.”

Forma de atuação
Não que não haja bons medicamentos para a nossa saúde, para que tenhamos uma vida mais longa e de melhor qualidade. Que os medicamentos sejam receitados com cuidado e que os médicos quando os prescrevem estejam fundamentados em pesquisas e informações verdadeiras e que seja de acesso a todos estes profissionais, pois as indústrias farmacêuticas, quase sempre não passam todas as informações aos médicos, omitindo propositadamente informações essenciais para que estes realizem seus procedimentos médicos com segurança e qualidade para seus pacientes.

A máquina de fazer dinheiro dos laboratórios farmacêuticos esta baseada nas informações falsas, em subornos e propinas que se alastram em todos os setores médicos.

Muitas vezes apenas com dietas e exercícios se obtém melhores resultados que os medicamentos.

Outro fato abominável é que a indústria farmacêutica utiliza, para manter seus enormes lucros, as patentes. Ou seja, patentear um medicamento mesmo que maquiado, apenas modificando a dosagem e mudando a cor das pílulas é garantia para que esses tenham a patente prorrogada e mesmo aumentada em vários anos a mais.

Os medicamentos maquiados, ou melhor, medicamentos de imitação, vem sendo uma grande “jogada” no intuito de manter as patentes e seus elevados lucros.

Outra frente de luta pelos lucros mantida pelos grandes laboratórios é a produção dos genéricos. Esses são mais um potencial e efetivo problema para eles, pois são mais baratos e tem o mesmo efeito dos medicamentos de marca.

Os grandes centros de Pesquisa e Desenvolvimento de novos medicamentos estão nas Universidades nos grandes centros médicos acadêmicos sendo realizada por seus cientistas que tem contribuído para o aparecimento da grande maioria dos novos medicamentos. Estas instituições recebem recursos financeiros do Estado, o que significa dizer que são financiados pela população de seus países. A indústria farmacêutica tem procurado, sistematicamente, se relacionar e se associar com estas instituições patrocinando com generosos recursos financeiros as pesquisas realizadas por estes cientistas. Os medicamentos comercializados quase sempre provêm de pesquisas financiadas com recursos públicos e executadas por Universidades, como disse, e pelas pequenas empresas de biotecnologia. Estes grandes laboratórios agem a nível global, ou seja, sem nenhum constrangimento eles procuram adquirir de terceiros, incluindo os pequenos laboratórios espalhados pelo mundo, qualquer pesquisa que exista e que segundo suas avaliações, tem indícios de serem promissores.

Uma, dentre várias, necessidades da indústria farmacêutica é desenvolver medicamentos para clientes que podem pagar os preços estabelecidos por eles. Os laboratórios estavam, há tempos, voltados para pesquisar, para desenvolver medicamentos para tratar doenças, hoje estes anunciam “doenças” que se encaixam nos medicamentos que produzem. Isto pode parecer paradoxal e mesmo perverso, mas é até onde tem chegado essa indústria.

Quem já se deu ao “trabalho” de ler uma bula de remédio já notou que na sua grande maioria determinado medicamento é indicado para vários tipos de doenças, isto também é uma forma dos grandes laboratórios burlarem a lei de patentes e ao mesmo tempo aumentar seus lucros, pois o tal remédio serve para inúmeros males, isso tudo com o olhar complacente das autoridades e órgãos públicos.

Especulação
Quando um grande laboratório anuncia a criação de um novo medicamento, com grande potencial de consumo, logo suas ações na bolsa de valores sobem vertiginosamente, pois os lucros presumidos nesse novo medicamento são muito grandes e é lucro garantido não só para os laboratórios como para seus investidores/acionistas.

A indústria farmacêutica manipula resultados de pesquisas científicas, não realiza todos os procedimentos necessários para colocá-lo no mercado com segurança para a população, ou seja, a necessidade de auferir lucros, o mais rápido possível, é o que importa!

Nos dias de hoje pode-se patentear bem dizer qualquer coisa e as indústrias farmacêuticas aproveitam e incluem novos usos, formas de dosagem e combinações de medicamentos antigos chegando ao cúmulo de mudar, como já foi dito, até a cor das pílulas.

A indústria farmacêutica não tem interesse em desenvolver medicamentos para tratar doenças tropicais, tais como: malária, a doença do sono ou a esquistossomose, doenças comuns nos países em desenvolvimento e do terceiro mundo, pois nesses países a população é muito pobre e não poderiam comprar seus medicamentos. Por outro lado ela investe, com abundância, em medicamentos para reduzir o colesterol, tratar transtornos emocionais, febre do feno ou azia.

Precisamos, com urgência, tomar providencias contra estas gigantes da indústria farmacêutica que insistem em distorcer pesquisas, em aumentar seus lucros custe o que custar, em manter através das patentes o monopólio de produção e comercialização dos seus medicamentos e de aumentar seus preços a níveis estratosféricos. Sem que as autoridades e a população mundial não tomarem medidas duras contra a ganância dos laboratórios farmacêuticos e seus comportamentos, o que nos espera, além do que já estamos vivendo, é o mundo da saúde se transformar num imenso inferno dantesco.
Ari de Oliveira Zenha é economista
CORREIO CAROS AMIGOS
A PRIMEIRA À ESQUERDA