Segundo os ensinamentos da Igreja promulgados nos documentos do Concilio Vaticano II a religiosidade popular prolonga a vida litúrgica da Igreja compreendida nas celebrações litúrgicas da Sagrada Missa, a celebração dos sacramentos – batismo, confissão, eucaristia, crisma, matrimônio, ordem e unção dos enfermos – e a Liturgia das Horas. Abaixo farei a transcrição de trechos que aludem a religiosidade popular, sobretudo como manifestação cultural, em outras palavras como uma das diversas culturas da mulher e do homem.
“Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a catequese tem de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da religiosidade popular. O senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias, visitas a santuários, peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas etc.
Estas expressões prolongam a vida litúrgica da Igreja, mas não a substituem: "Considerando os tempos litúrgicos, estes exercícios devem ser organizados de tal maneira que condigam com a sagrada liturgia, dela de alguma forma derivem, para ela encaminhem o povo, pois que ela, por sua natureza, em muito os supera”. (§1674 -§1675 Catecismo da Igreja Católica)
Entenda-se por liturgia sacramental as celebrações do batismo, confissão, eucaristia, crisma, matrimônio, ordem e unção dos enfermos, e dos sacramentais a benção de medalhas, rosário,... Por religiosidade popular entende-se as novenas, rezas, procissões, peregrinações à lugares santos ou santificados, via-sacar, Folia dos Santos Reis, do Divino Espírito Santo,...
“... A religiosidade do povo em seu núcleo, é um acervo de valores que responde com sabedoria cristã às grandes incógnitas da existência. A sabedoria popular católica tem uma capacidade de síntese vital; engloba criativamente o divino e o humano, Cristo e Maria, espírito e corpo, comunhão e instituição, pessoa e comunidade, fé e pátria, inteligência e afeto. Esta sabedoria é um humanismo cristão que afirma radicalmente a dignidade de toda pessoa como filho de Deus, estabelece uma fraternidade fundamental, ensina a encontrar a natureza e a compreender o trabalho e proporciona as razões para a alegria e o humor, mesmo em meio a uma vida muito dura. Essa sabedoria é também para o povo um principio de discernimento, um instinto evangélico pelo qual capta espontaneamente quando se serve na Igreja ao evangelho e quando ele é esvaziado e asfixiado com outros interesses.” (§1675 Catecismo da Igreja Católica)
A fé procura a inteligência por vários caminhos dentre eles o da sabedoria popular, das diversas tradições populares e manifestações culturais dos povos. A união da Igreja com as diversas formas de cultura resulta num enriquecimento tanto para a Igreja como para as diferentes culturas. Deus nos falou e nos fala de acordo com a cultura própria de diversas épocas das/dos mulheres/homens.
A cultura deriva imediatamente da natureza racional e social do homem. Ela precisa incessantemente de justa liberdade para desenvolver-se e de legitima autonomia de ação. Exige respeito e possui até uma certa inviolabilidade. Pois, na cultura ou por ela as/os mulheres/homens expressam sua maneira de pensar e de sentir.
“53. A palavra «cultura» indica, em geral, todas as coisas por meio das quais o homem apura e desenvolve as múltiplas capacidades do seu espírito e do seu corpo; se esforça por dominar, pelo estudo e pelo trabalho, o próprio mundo; torna mais humana, com o progresso dos costumes e das instituições, a vida social, quer na família quer na comunidade civil; e, finalmente, no decorrer do tempo, exprime, comunica aos outros e conserva nas suas obras, para que sejam de proveito a muitos e até à inteira humanidade, as suas grandes experiências espirituais e as suas aspirações.
Daqui se segue que a cultura humana implica necessàriamente um aspecto histórico e social e que o termo «cultura» assume frequentemente um sentido sociológico e etnológico. É neste sentido que se fala da pluralidade das culturas. Com efeito, diferentes modos de usar das coisas, de trabalhar e de se exprimir, de praticar a religião e de formar os costumes, de estabelecer leis e instituições jurídicas, de desenvolver as ciências e as artes e de cultivar a beleza, dão origem a diferentes estilos de vida e diversas escalas de valores. E assim, a partir dos usos tradicionais, se constitui o património de cada comunidade humana. Define-se também por este modo o meio histórico determinado no qual se integra o homem raça ou época, e do qual tira os bens necessários para a promoção da civilização.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje / CAPÍTULO II A CONVENIENTE PROMOÇÃO DO PROGRESSO CULTURAL: A cultura e a sua relação com o homem)
“44. Assim como é do interesse do mundo que ele reconheça a Igreja como realidade social da história e seu fermento, assim também a Igreja não ignora quanto recebeu da história e evolução do gênero humano.
A experiência dos séculos passados, os progressos científicos, os tesouros encerrados nas várias formas de cultura humana, os quais manifestam mais plenamente a natureza do homem e abrem novos caminhos para a verdade, aproveitam igualmente à Igreja. Ela aprendeu, desde os começos da sua história, a formular a mensagem de Cristo por meio dos conceitos e línguas dos diversos povos, e procurou ilustrá-la com o saber filosófico. Tudo isto com o fim de adaptar o Evangelho à capacidade de compreensão de todos e às exigências dos sábios. Esta maneira adaptada de pregar a palavra revelada deve permanecer a lei de toda a evangelização. Deste modo, com efeito, suscita-se em cada nação a possibilidade de exprimir a mensagem de Cristo segundo a sua maneira própria, ao mesmo tempo que se fomenta um intercâmbio vivo entre a Igreja e as diversas culturas dos diferentes povos (22).” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /Ajuda que a Igreja recebe do mundo)
“Do mesmo modo, a Igreja, vivendo no decurso dos tempos em diversos condicionalismos, empregou os recursos das diversas culturas para fazer chegar a todas as gentes a mensagem de Cristo, para a explicar, investigar e penetrar mais profundamente e para lhe dar melhor expressão na celebração da Liturgia e na vida da multiforme comunidade dos fiéis.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /A mensagem de Cristo e a cultura humana)
“À autoridade pública pertence, não determinar o caráter próprio das formas de cultura, mas favorecer as condições e as ajudas necessárias para o desenvolvimento cultural de todos, mesmo das minorias de alguma nação (10). Deve, por isso, insistir-se, antes de mais, para que a cultura, desviando-se do seu fim, não seja obrigada a servir as forças políticas ou econômicas.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /Harmonia entre as diversas ordens humanas e culturais)
“Pela primeira vez na história dos homens, todos os povos têm já a convicção de que os bens da cultura podem e devem estender-se efetivamente a todos.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /Aspirações mais universais do gênero humano)
“Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a catequese tem de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da religiosidade popular. O senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias, visitas a santuários, peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas etc.
Estas expressões prolongam a vida litúrgica da Igreja, mas não a substituem: "Considerando os tempos litúrgicos, estes exercícios devem ser organizados de tal maneira que condigam com a sagrada liturgia, dela de alguma forma derivem, para ela encaminhem o povo, pois que ela, por sua natureza, em muito os supera”. (§1674 -§1675 Catecismo da Igreja Católica)
Entenda-se por liturgia sacramental as celebrações do batismo, confissão, eucaristia, crisma, matrimônio, ordem e unção dos enfermos, e dos sacramentais a benção de medalhas, rosário,... Por religiosidade popular entende-se as novenas, rezas, procissões, peregrinações à lugares santos ou santificados, via-sacar, Folia dos Santos Reis, do Divino Espírito Santo,...
“... A religiosidade do povo em seu núcleo, é um acervo de valores que responde com sabedoria cristã às grandes incógnitas da existência. A sabedoria popular católica tem uma capacidade de síntese vital; engloba criativamente o divino e o humano, Cristo e Maria, espírito e corpo, comunhão e instituição, pessoa e comunidade, fé e pátria, inteligência e afeto. Esta sabedoria é um humanismo cristão que afirma radicalmente a dignidade de toda pessoa como filho de Deus, estabelece uma fraternidade fundamental, ensina a encontrar a natureza e a compreender o trabalho e proporciona as razões para a alegria e o humor, mesmo em meio a uma vida muito dura. Essa sabedoria é também para o povo um principio de discernimento, um instinto evangélico pelo qual capta espontaneamente quando se serve na Igreja ao evangelho e quando ele é esvaziado e asfixiado com outros interesses.” (§1675 Catecismo da Igreja Católica)
A fé procura a inteligência por vários caminhos dentre eles o da sabedoria popular, das diversas tradições populares e manifestações culturais dos povos. A união da Igreja com as diversas formas de cultura resulta num enriquecimento tanto para a Igreja como para as diferentes culturas. Deus nos falou e nos fala de acordo com a cultura própria de diversas épocas das/dos mulheres/homens.
A cultura deriva imediatamente da natureza racional e social do homem. Ela precisa incessantemente de justa liberdade para desenvolver-se e de legitima autonomia de ação. Exige respeito e possui até uma certa inviolabilidade. Pois, na cultura ou por ela as/os mulheres/homens expressam sua maneira de pensar e de sentir.
“53. A palavra «cultura» indica, em geral, todas as coisas por meio das quais o homem apura e desenvolve as múltiplas capacidades do seu espírito e do seu corpo; se esforça por dominar, pelo estudo e pelo trabalho, o próprio mundo; torna mais humana, com o progresso dos costumes e das instituições, a vida social, quer na família quer na comunidade civil; e, finalmente, no decorrer do tempo, exprime, comunica aos outros e conserva nas suas obras, para que sejam de proveito a muitos e até à inteira humanidade, as suas grandes experiências espirituais e as suas aspirações.
Daqui se segue que a cultura humana implica necessàriamente um aspecto histórico e social e que o termo «cultura» assume frequentemente um sentido sociológico e etnológico. É neste sentido que se fala da pluralidade das culturas. Com efeito, diferentes modos de usar das coisas, de trabalhar e de se exprimir, de praticar a religião e de formar os costumes, de estabelecer leis e instituições jurídicas, de desenvolver as ciências e as artes e de cultivar a beleza, dão origem a diferentes estilos de vida e diversas escalas de valores. E assim, a partir dos usos tradicionais, se constitui o património de cada comunidade humana. Define-se também por este modo o meio histórico determinado no qual se integra o homem raça ou época, e do qual tira os bens necessários para a promoção da civilização.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje / CAPÍTULO II A CONVENIENTE PROMOÇÃO DO PROGRESSO CULTURAL: A cultura e a sua relação com o homem)
“44. Assim como é do interesse do mundo que ele reconheça a Igreja como realidade social da história e seu fermento, assim também a Igreja não ignora quanto recebeu da história e evolução do gênero humano.
A experiência dos séculos passados, os progressos científicos, os tesouros encerrados nas várias formas de cultura humana, os quais manifestam mais plenamente a natureza do homem e abrem novos caminhos para a verdade, aproveitam igualmente à Igreja. Ela aprendeu, desde os começos da sua história, a formular a mensagem de Cristo por meio dos conceitos e línguas dos diversos povos, e procurou ilustrá-la com o saber filosófico. Tudo isto com o fim de adaptar o Evangelho à capacidade de compreensão de todos e às exigências dos sábios. Esta maneira adaptada de pregar a palavra revelada deve permanecer a lei de toda a evangelização. Deste modo, com efeito, suscita-se em cada nação a possibilidade de exprimir a mensagem de Cristo segundo a sua maneira própria, ao mesmo tempo que se fomenta um intercâmbio vivo entre a Igreja e as diversas culturas dos diferentes povos (22).” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /Ajuda que a Igreja recebe do mundo)
“Do mesmo modo, a Igreja, vivendo no decurso dos tempos em diversos condicionalismos, empregou os recursos das diversas culturas para fazer chegar a todas as gentes a mensagem de Cristo, para a explicar, investigar e penetrar mais profundamente e para lhe dar melhor expressão na celebração da Liturgia e na vida da multiforme comunidade dos fiéis.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /A mensagem de Cristo e a cultura humana)
“À autoridade pública pertence, não determinar o caráter próprio das formas de cultura, mas favorecer as condições e as ajudas necessárias para o desenvolvimento cultural de todos, mesmo das minorias de alguma nação (10). Deve, por isso, insistir-se, antes de mais, para que a cultura, desviando-se do seu fim, não seja obrigada a servir as forças políticas ou econômicas.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /Harmonia entre as diversas ordens humanas e culturais)
“Pela primeira vez na história dos homens, todos os povos têm já a convicção de que os bens da cultura podem e devem estender-se efetivamente a todos.” ( Gaudium et Spes – Sobre a Igreja no mundo de hoje /Aspirações mais universais do gênero humano)
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