Orgulho de ser baiano: O meu amor e o meu xodó é a Bahia!
Criou-se uma expectativa em Barreiras em torno da Mobilização em prol da Criação do Estado do Rio São Francisco, a realizar-se amanhã. Gostaria de expor dois fatos ocorridos comigo esse ano para em seguida tratar da idéia irresponsável de divisão da Bahia.O primeiro episódio foi mais ou menos no início desse ano quando indo para o trabalho me deparei com voluntários do Instituto Plínio Correa de Oliveira, - organização essencialmente reacionária da Igreja Católica da Tradição, Família e Propriedade – TFP – quando um dos voluntários se aproximou de mim e pediu-me para assinar o abaixo assinado a ser entregue no Congresso Nacional visando “proibir” a união homossexual e a legalização do aborto. Eu respondi que era contra a legalização do aborto e a favor da união homossexual. Como essa não era resposta que ele queria ouvir, o voluntário virou-me as costas e saiu, sequer argumentou ou quis argumentar, pois só servia para ele se fosse ouvir o que lhe agradava, ainda que infundadamente.
O outro episódio se refere a divisão irresponsável da Bahia, um dos voluntários dessa comissão aproximou-se a mim e pediu-me para assinar o abaixo-assinado em favor da criação do Estado do Rio São Francisco, quando eu respondi que não era e não sou favorável a criação ele irritou-se e começou a sair. Cheguei a perguntá-lo: Criar um estado para quê? Mas, como a minha postura não era a que ele queria, ele saiu irritado, não dialogou, não conversou, não debateu, não respondeu, não justificou...
Relato esses fatos simplesmente para demonstrar como as pessoas não estão disponíveis a um debate de idéias. Há algum tempo postei em um site de um dos jornais daqui de Barreiras a pergunta: Por que criar um novo estado? Para que criar um novo estado? Alguém tem justificativas plausíveis para essa criação? Até hoje não fui respondido. Tenho observado que algumas pessoas com mais capital cultural, tipo alguns professores da UFBA, se posicionam contra essa criação, ou pelo menos questionam a necessidade dessa criação.
Qual a reação a essas posturas? Comentários desrespeitosos tipo algumas insinuações de que eles são forasteiros e etc e tal...
Se dissermos o que os componentes dessa divisão irresponsável da Bahia não querem ouvir, é ridicularizado, serve como piada, chacota, execração pública... Basta ver o tratamento que será dado a esse texto.
Pois bem, eu tenho a tranqüilidade de dizer que sou veementemente contra a criação que chamo de estapafúrdia, esquizofrência e irresponsável do Estado do Rio São Francisco.
Sou contrário à divisão do estado da Bahia! A tese de que os problemas da região oeste são decorrentes do tamanho do estado não se sustentam e na verdade tentam desviar a atenção para os reais motivos da questão, seja dos problemas como dos interesses por detrás daquelas (es) que defendem a criação. A verdade é que o abandono do interior é fruto das políticas aplicadas pelos governos estaduais anteriores e o atual, que se pautaram e ainda pauta por priorizar o agronegócio predatório e o desmatamento, abandonando nosso povo, inclusive a própria região metropolitana, à sua própria sorte.
Dividir não vai resolver o problema! Além disso, diversos estudos comprovam a inviabilidade econômica da divisão. Isso é uma irresponsabilidade! O povo é quem vai ter que pagar as contas, mais uma vez! Os novos estados já nasceriam deficitários, o que obrigaria a elevação da já altíssima carga tributária em todo o país!
Eu não poderia deixar, neste momento em que interesses sólidos, uma vez mais lançam uma investida para ludibriar o povo simples, trabalhador, marginalizado, excluído, segregado, estratificado, de explicitar minha posição com toda a coragem, com toda a ousadia que é peculiar da minha personalidade e da minha trajetória política.
Ainda, eu tenho a tranqüilidade, de dizer que, na história da Bahia, a trajetória política dos políticos deste Estado, os governos que se sucederam são os grandes responsáveis pelo sentimento de separação que uma parcela significativa da população tem nessa região; um Estado com um patrimônio econômico, um potencial hídrico, um potencial energético, um potencial mineral, um Estado que dá inveja para qualquer país do mundo, um Estado capaz de sustentar economicamente e financeiramente todo o povo brasileiro se os olhares do Governo Federal também tivesse se voltado para aqui ao longo dos anos.
E aqui devemos perguntar: Ao lado de quem todas essas figuras políticas que hoje levantam a bandeira da criação sempre estiveram? Alguns ainda estão. Todas essas figuras políticas que hoje fazem essa agitação em torno dessa criação, sempre foram favoráveis a essa criação? O que as fizeram mudar de opinião, o que as convenceram da necessidade dessa criação?
A nossa região é uma região abandonada, é uma parte do Brasil que vive do flagelo, que vive do desespero do trabalho escravo, - estão aí os casos nesta semana em Riachão das Neves -, que registra altos índices de mortes no campo. Tem os piores índices educacionais e os piores índices de desenvolvimento humano. Tudo isso nos envergonha, e esse sentimento, lamentavelmente, tem tomado conta dos corações e das mentes, de uma parcela da população.
Alguns poderia dizer que sou corajoso por declarar-me contra a criação do estado. Mas, não, os outros é que são covardes. Os outros é que não têm coragem de explicitar sua posição, seus interesses que nada tem que ver com a melhoria de vida do nosso povo.
Eu sou contra a divisão do Estado. E não tenho medo de dizer porque tenho argumentos, tenho estudado, tenho buscado me informar. Eu não quero deixar de ser baiano porque nasci na região oeste do outro lado do Rio São Francisco. Eu não quero sentir e nem quero que nenhuma/nenhum cidadã (ao) do meu Estado se sinta menor porque historicamente foi violentado com a falta de políticas públicas. Eu quero dizer, que alguns se acovardam e estão atrás da sua posição, com medo de perder o eleitorado, porque ontem estavam no poder e hoje não estão mais no poder. Não estou escrevendo e publicando este para mentir, para ser subserviente a ninguém, estou escrevendo e publicando este para defender o que eu acredito, para defender melhores condições de vida para mim e, sobretudo, o povo do meu Estado, UM ESTADO RICO QUE, ENQUANTO TIVER POLÍTICOS QUE SAQUEIA OS COFRES PÚBLICOS DO ESTADO, NÃO VAI TER CONDIÇÕES DE VIDA: NEM DIVIDINDO, NEM SEPARANDO E NEM JUNTANDO O ESTADO.
É uma falácia achar que criar Estado e Município reforçam a Federação, melhora a vida do povo. Não necessariamente. Se fosse assim, a Lei de Terras, de 1850, teria, por exemplo, melhorado a distribuição fundiária no País; e pelo contrário, ela concentrou.
A DIVISÃO DA BAHIA NÃO RESOLVERÁ OS PROBLEMAS DO POVO! A Bahia e conseqüentemente todos nós vivemos a ameaça da divisão. A divisão da Bahia não resolverá os graves problemas do povo baiano. Ao contrário, poderá agravá-los ainda mais, porque se pretende manter e aprofundar nesta nova unidade federativa o mesmo modelo excludente e devastador que está na raiz das mazelas sociais existentes em nosso Estado.
Por outro lado, reconheço que o desejo de separação é motivado pelo sentimento do mais completo abandono, por parte dos governos (PFL e PT), ao qual todas/todos estas/ estes que hoje dizem defender a criação do estado para melhorar a vida do povo, sempre estiveram e/ou estão unidas (os). A Bahia é um estado rico, de povo pobre. São milhares de pessoas vivendo na mais absoluta miséria. Além disso, as políticas públicas de saúde, saneamento, educação, segurança, transporte e infraestrutura não atendem às mais elementares necessidades da população, TANTO DA CAPITAL, QUANTO DAS REGIÕES MAIS DISTANTES. Enfim, é evidente também que poderosos grupos econômicos e políticos estão por trás da proposta separatista. E isso não é de graça de forma desinteressada.
É neste contexto que boa parte da população destas regiões é a favor da separação, esperançosa de que o abandono tenha fim. Muitos acreditam que a miséria tem origem no tamanho do estado. Se assim fosse, estados como Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro seriam verdadeiros paraísos. Estou absolutamente convencido de que a questão não é geográfica, mas política. Não é verdade que a capital do estado fique com as “riquezas” provenientes do interior. Salvador é uma cidade pobre, que ainda padece de muitas mazelas sociais.
Quem fica com o dinheiro são as grandes empresas, as oligarquias e os corruptos, que desviam dinheiro público para suas contas milionárias, vide a megaoperação da PF contra sonegação ocorrida na última quarta-feira dia 17/08/2011 que confiscou até uma ilha na BA.
A divisão, além de não resolver efetivamente o abandono, vai custar muito caro aos cofres públicos. Serão bilhões de reais ao ano. Dinheiro que poderia ser usado em políticas públicas e obras para o povo.
Essa criação do Estado não é para melhorar a vida do povo, mas apenas melhorar a vida de algumas famílias e das/dos amigas (os) dessas famílias: Pedrosas/Moreira, Oliveira e Barbosa. É apenas para se criar mais uma oligarquia, aristocracia no Brasil. Mal, o estado saiu – espero que não saia – e já tem governador/governadora. Isso é melhorar a vida do povo?
Pergunto: O que essas figuras políticas que hoje defendem a divisão da Bahia, todas/todos elas/eles com mandatos eletivos de prefeitas (os), vices, deputadas (os) estaduais e federais fizeram de concreto em Barreiras, Luis Eduardo Magalhães, São Desidério, Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves... para viabilizar a criação do Estado? Eu respondo: Nada!
É sempre assim, quando elas/eles estão no poder são contra a divisão, quando não estão no poder são a favor.
As pessoas costumam apresentar a criação do Tocantins como modelo de sucesso, mister é, dizer que a criação do Tocantins se deu em outro contexto histórico e político. Um período de reestruturação/reforma política/administrativa, redemocratização, de constituinte. Um contexto totalmente contrário ao que vivemos hoje. Período em que a crise do Capitalismo que a mídia dava como superada se mostra viva e cada vez mais feroz e nociva ao povo pobre. Nesse sentido é uma irresponsabilidade criar um estado nessas condições.
Por fim se estamos organizados ou dispostos a nos organizar para dividir a Bahia, - e não estamos - porque não nos organizarmos e disponibilizarmos para exigir a presença, ação do Estado em nossa região? Eis os motivos:
A Bahia a despeito de toadas as mazelas que é vítima, é a oitava maravilha do mundo e Barreiras a nona maravilha do mundo!!!
Todo brasileiro é baiano, pois foi na Bahia que o Brasil nasceu!
A Bahia é o nosso amor e xodó! Bahia que não nos sai da cabeça! A Bahia de Caetano, Gal Bethânia, Gil, Jorge Amado...E alguém pode dizer, mas eles moram no Rio de Janeiro. E eu retruco a Bahia de Vinícius de Morais o carioca, mais baiano!
Só tem orgulho de ser baiano quem luta pela Bahia. Por isso se você é contra a criação irresponsável de um novo estado faça parte do Movimento Orgulho de ser Baiano. A Bahia não se divide! Não vamos criar palácios para quem tem amor ao poder!
Vamos entra na onda ou criar o movimento ORGULHO DE SER BAIANO?
CLAUDIO ROBERTO DE JESUS