terça-feira, 29 de junho de 2010

Estatuto da (Des)Igualdade Racial

Todos nós sabemos que as/os nossas (os) representantes no Congresso Nacional aproveitando-se do momento em que todas (os) estão de olhos voltados para África do Sul em virtude da Copa do Mundo de Futebol, aprovaram sem discutir com a sociedade que elas/eles se propuseram a representar, o Estatuto que deveria ser da Igualdade Racial. Deveria ser porque o Projeto aprovado por essas/esses senhoras (es) na verdade mantém intocável a desigualdade racial. Essa é uma discussão que vem atravessando décadas e no inicio desse ano no mês de março deu muito o que falar. Veja abaixo o ponto de vista de um branco senhor do GOIÁS, (ARENA, DS, PFL hoje DEMOCRATAS) sobre a temática e a reação das (os) lutadoras (es) sociais.
"Não vos conformeis com as estruturas deste mundo"(São Paulo)
Claudio Roberto de Jesus
Barreiras, 29 de junho de 2010
Festa dos Apóstolos Pedro e Paulo

Carta de Repúdio
07/03/2010 Divulguem ao máximo
Nós, Conselheiras e Conselheiros do Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR vimos através desta, repudiar a opinião expressada pelo excelentíssimo senador da república sr. Demóstenes Torres, Presidente da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania do Senado Federal, no seu pronunciamento durante a Audiência Pública no Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), no dia 03 de Março de 2010, que analisava o recurso instituído pelo Partido Democratas contra as Cotas para Negros na Universidade de Brasília.
Na oportunidade o mesmo afirmou que: as mulheres negras não foram vítimas dos abusos sexuais, dos estupros cometidos pelos Senhores de Escravos e, que houve sim consentimento por parte destas mulheres. Na sua opinião: Tudo era consensual!. O excelentíssimo senador da república Demóstenes Torres, continua sua fala descartando a possibilidade da violência física e sexual vivida por negras africanas neste período supracitado. Relembra-nos a frase: Estupra, mas não mata!!!.
O excelentíssimo senador Demóstenes aprofunda mais ainda seu discurso machista e racista, quando afirma que as mulheres negras usam de um discurso vitimizado ao afirmarem que são as vítimas diretas dos maus tratos e discriminações no que se refere ao atendimento destas na saúde pública. Que as pesquisas apresentadas para justificar a necessidade de políticas públicas específicas, são duvidosas e que nem sempre são confiáveis, pois podem ser burladas e conter números falsos.
Enquanto o estado brasileiro reconhece a situação de violência física e sexual sofrida pelas mulheres brasileiras, criando mecanismos de proteção como a Lei Maria da Penha, quando neste ano comemoramos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, o excelentíssimo senador, vem na contramão da história e dos fatos expressando o mais refinado preconceito, machismo e racismo incrustado na sociedade brasileira.
Por isso, vimos através desta carta ao Povo Brasileiro repudiar a atitude do excelentíssimo senador Demóstenes Torres.
Ao tempo em que resgatamos a dignidade das mulheres negras e indígenas, que durante a formação desta grande nação, foram SIM abusadas, foram SIM estupradas, foram SIM torturadas, foram SIM violentadas em seu físico e sua dignidade. Aos filhos dos seus algozes, o leite do seu peito, aos seus filhos, o chicote. Não nos curvaremos ao discurso machista e racista do Senador! É inaceitável, que o pensamento dos Senhores de Engenho se expresse em atitudes no Parlamento Brasileiro.

Brasília, 05 de Março de 2010.

Escrito por Marcos Benedito (editor) às 15h00
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Debate no STF revela a fragilidade dos opositores às políticas de combate as desigualdades raciais
A audiência pública convocada e coordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, ajudou a explicitar quais são os argumentos infundados que sustentam a posição dos opositores de políticas de ações afirmativas e políticas públicas e que insistem em eternizar as desigualdades raciais no Brasil.
A audiência realizada no STF entre os dias 03 a 05 de março vai subsidiar os ministros do Supremo no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 186) apresentada pelo partido Democratas contra o sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB), e o Recurso Extraordinário interposto por um estudante que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O ministro Ricardo Lewandowski é o relator da ação. Foram três dias onde intelectuais, professores, alunos, militantes do movimento negro e social e outras pessoas que foram selecionadas pelo próprio ministro ocuparam a tribuna do STF para manifestarem as suas opiniões em torno da política de cotas nas universidades.
Vitória inquestionável dos defensores das cotas
Sem argumentos convincentes, a grande maioria dos opositores, apelou para a desqualificaçã o das pesquisas que apontam a desigualdade profunda entre negros e não negros.
O fato mais lamentável se deu logo no primeiro dia, quando o senador da república, Demóstenes Torres do partido Democratas, afirmou que grande parte dos estupros ocorridos no período escravocrata teria acontecido com o consentimento das mulheres escravizadas. Este fato provocou inclusive uma indignação muito forte das entidades do movimento negro, sociedade civil e movimento sindical presentes no debate.
Podemos concluir que aqueles que defendem o "status quo", ou seja; permanência da profunda desigualdade social na sociedade brasileira, amargaram uma derrota histórica na maior instância jurídica do pais. Resta agora aguardarmos a decisão da suprema corte, sabendo que a força das idéias venceu a força da violência racista que continua impregnada nas mentes e corações de uma elite branca que insiste em utilizar argumentos anacrônicos para defenderem os seus privilégios. Vamos nos preparar agora para a próxima batalha, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Com certeza estes mesmos personagens de uma "velha opinião formada sobre tudo" como diria o poeta estarão novamente erguendo as suas barricadas do retrocesso.

Marcos Benedito
Coletivo de Raça da CUT/SP
Membro do Conselho da (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (CONTRAF/CUT) .
Representante da CUT no Conselho Nacional da Igualdade Racial (CNPIR).

2 comentários:

  1. Cometer erros, tdos comentem, reconhecer os erros é uma virtude. O que não consigo entender é porque atirar tantas pedras em quem levou o projeto adiante? Sabemos que o Estatuto estava parado há sete anos, e embora tdos digam que foi mutilado, houve um consenso entre os senadores, afinal, foi aprovados por tdos, com relação a retirada das cotas e outros pontos, concordo que se fossem fixadas, teríamos mais casos de descriminação. Que sejamos lembrados pelos nossos méritos, competência e responsabilidade!

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  2. Concordo com você que todas (os) cometem erros e que pouCos reconhecem os seus erros. Ainda, tenho plena certeza que reconhecê-los mais do que uma virtude é uma obrigação!No caso em questão não se trata do cometimento de um erro por ingenuidade ou na tentaTiva de acerto. Trata-se da perpetuação de um pensamento-consciencia responsável pela discriminação e injusta desigualdade racial, além de se eximir da responsabilidade e quere pedir que as/os negras (os) peçam desculpas por terem sido violentados por mais de três séculos nesta Patria Amada Mãe Gentil.
    Não está se atirando pedras pelo fato de se levar um projeto que estava vergonhosamente parado há mais de setes anos por causa dessas mesmas figuras carimbadas da politica, mas pelo fato de que o projeto que foi levado a cabo e aprovado não atende às reais necessidades e anseioS da comunidade do povo negro, mas aos interesses da velha e burra elite intelectual branca desta Patria Amada Mãe Gentil.
    Em todo caso Michelle fico feliz pelo fato d evc reconhecer que existe discriminação racial nesta nossa Patria Amada Mãe Gentil.
    Ainda, concordo quando vc diz que sejamos lembrados pelos nossos méritos, competência e responsabilidade!Sobretudo, pelo mérito, competência e responsabilidade de cumprirmos aquilo que prometemos nos palanques, nos comicios, nos programas televisivos... de respeitar, REPRESENTAR, DEFENDER e atender aos INTERESSES DO POVO QUE NOS ELEGE PARA ISSO!De diminuir as desigualdades,... Aquela velha promessa vigarista politicamente!!
    ABRAÇOS!!!
    Obrigado pela visita!!!
    Sinceramente fiquei muito feliz pela visita e pelo comentário!!!

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