terça-feira, 17 de agosto de 2010

“Em tua paz Senhor, deixa ir agora o teu servo, como prometeu Tua Palavra ir em paz!”

Hoje Barreiras acordou abalada com a triste notícia do falecimento do nosso Pastor Dom Ricardo. Quanto nos sentimos abandonados com a morte de Dom Ricardo! O Bispo que por 30 anos foi o nosso pastor e guia no caminho através deste tempo. Todos nós devemos nos lembrar que viveremos para sempre! Contudo, para isso precisaremos PASSAR pela morte!
Conforta-nos o que dizia o Santo Padre Bento XVI quando da sua missa de posse como Papa referia-se a morte do saudoso Papa João Paulo II, o mesmo pode-se aplicar a Dom Ricardo!
“Ele (Dom Ricardo) cruzou o limiar para a outra vida entrando no mistério de Deus. Mas não deu este passo sozinho. Quem crê, nunca está sozinho nem na vida nem na morte. (...) Agora sabemos que ele está entre os seus e está verdadeiramente em sua casa.” (Papa Bento XVI 24.04.2005)
Algumas pessoas entram para a história devido à heroicidade de seus atos, firmeza de caráter e espírito de liderança, isto é, conquistam seu espaço na memória dos outros por causa de suas virtudes e atos pessoais que ressoam na sociedade. Outras, por sua vez em sua SIMPLICIDADE, deixam gravadas, em nossos corações pequenas preciosidades. Dom Ricardo foi uma destas raridades.
Em seus 30 anos como bispo da Diocese de Barreiras, esse homem de feições suaves e acolhedoras, sorriso fácil e espontâneo de cujos cabelos brancos emanavam a sapiência que só os anos trazem, soube testemunhar o amor e a fraternidade, a esperança, a Palavra de Deus, enfim o (Redemptor Hominis) Redentor do Homem.
Dom Ricardo nasceu no dia 05 de setembro de 1939 na Áustria. Foi ordenado sacerdote em 15 de julho de 1964 na Áustria, chegou em Barreiras dia 24 de fevereiro de 1974 quando Barreiras pertencia a Diocese de Barra e quinze anos mais tarde foi sagrado primeiro Bispo da Diocese de Barreiras no dia 11 de julho de 1979 em Barreiras, num contexto de absolutismo e violência, de desrespeito aos direitos humanos e de repressão num regime totalitário ao qual as/os brasileiras (os) foram obrigadas (os) a seguir. “A partir desta data, foram criadas várias paróquias na cidade de Barreiras e nos outros municípios, onde aos poucos foi se organizando também a Pastoral Diocesana. A criação da Diocese coincidiu com vários fatores que modificaram profundamente esta região: os projetos governamentais de irrigação (Codevasf), a transferência do Batalhão do Exército com os funcionários civis, vindos do Ceará, para a construção de estradas federais da região (a partir de 1972) e a nova fronteira agrícola, que começou com a vinda dos sulistas (a partir de 1982), que implantaram a agricultura empresarial. Em todos estes momentos a Igreja esteve presente ajudando o povo a se organizar, a se defender e assumindo esta nova realidade histórica.” (Site da diocese de Barreiras)
Dom Ricardo era Doutor em Teologia, Doutor em Psicologia e Mestre em Filosofia.
Dom Ricardo não sucumbiu à tentação de fazer de seu posto, na hierarquia da Igreja, uma escada para alcançar poder político. As insígnias episcopais não lhe serviram como símbolos de poder e majestade, mas como sinais de serviço, humildade e mansidão. Suas vestes litúrgicas não tinham o brilho enfadonho dos generais, mas o sutil cintilar dos olhos maltrapilhos e excluídos que clamam por justiça. A cruz em seu peito nunca foi usada como alegoria de superioridade, mas como sinal profético de comprometimento com Deus e com suas/seus amadas (os) filhas (os).
Dom Ricardo soube testemunhar, como poucos, o significado da palavra amor e o (Redemptor Hominis) Redentor do Homem, acolhendo os que eram jogados ao léu da indiferença, e dormem ao rés do chão da sociedade, temos a certeza de que Deus continua caminhando ao nosso lado.
Antes de viajar para Austria Dom Ricardo deixou a seguinte mensagem em sua última entrevista veiculada no dia de Corpus Crhisti: Rezem pelos doentes e Valorizem a Eucaristia!!!Obrigado, Dom Ricardo!!!

“Não é a morte que vem me buscar, mas o Bom Deus”
(Santa Teresinha do Menino Jesus)

“Não morro, entro na vida”
(Santa Teresinha do Menino Jesus)

“Sim, mas é nos braços do Bom Deus que eu irei tombar”
(Santa Teresinha do Menino Jesus)

Agradecemos ao Bom Deus da Vida pelos anos que nos concedeu em companhia de Dom Ricardo. Bem sabemos que ele ao deixar seu corpo mortal foi revestido de imortalidade e agora vive em Deus. Pois, “não foi a morte que veio buscá-lo, mas o Bom Deus”.

Para nós que acreditamos no Cristo Ressuscitado é consolador saber que ele “não morreu, mas entrou na verdadeira vida” que não se caba, onde não há mais tristeza, doença e nem sombra de dor.

É um conforto saber que foi “nos braços do Bom Deus que ele tombou” para descansar em paz.

Claudio Roberto de Jesus!

3 comentários:

  1. Verdadeiramente, a morte de Dom Ricardo é uma perda irreparável para todos nós da Região Oeste da Bahia, em particular, os católicos. Nosso Bom Pastor foi e será um exemplo a ser seguido, foi testemunha viva de Jesus Cristo aqui na Terra. Agradeçamos infinitamente ao Eterno por ter nos concedido o tempo com esse homem de fé, esperança e caridade.

    Anderson Neves

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  2. Barreiras perde com a ausência de Dom Ricardo. Tinha algumas resalvas quanto a sua posturada diante de alguns fatos, que não vale a pena citar, mas sei reconhecer a enorme contribuição por ele dada na organização e acolhimento das vítimas do sistema.

    Que Deus o receba em sua infinita plenitude!

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  3. Claudio, penso que seu texto alegraria Dom Ricardo, pelo reconhecimento da pessoa humana que ele foi. Não o conhecia muito bem, nem sou da Igreja, mas respeito as constribuições que ele realizou como bispo, mesmo com limitações.
    Abraço!

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